Na minha infância tive uma fase em que me deliciava com os livros das "Lições do Menino Tonecas», alguns anos mais tarde recriados na rádio e posteriormente em episódios na televisão.
Agora foi proferida em conferência de imprensa uma lição do treinador Jorge Jesus aos jornalistas sobre as qualidades do "pretenso" defesa paraguaio Melgarejo, criticado pela exibição e pelo empate cedido pelo Benfica ao Braga. Uma lição e um repto, pois convidou-os a responder à questão: «Melgarejo não cometeu erros defensivos. Em que situação falhou? Táctica ou técnica? Vá lá, digam.» Não interessa transcrever o resto do diálogo, pois teria uma versão tão hilariante como a conversa entre o professor e o Tonecas.
Enttretanto, aconteceu o jogo de Setúbal. O Benfica começou praticamente a jogar com mais um jogador - expulsão de Amoreirinha - e passou a não ter preocupações pelo lado esquerdo da defesa. Melgarejo passou a mostrar mais qualidades a atacar, foi elogiado por colegas e treinador, mas a hipótese de Eliseu se transferir do Málaga para o Benfica continua em aberto. Porquê professor?
Quanto ao resultado do Bonfim, de salientar o facto do treinador da Luz ter recorrido de início a Rodrigo, Savio e Enzo Pérez, autêntica revolução comparada com a formação apresentada na estreia na Liga, e responsável pela goleada. E o Melga estava lá e não foi picado...
Montijo, Boavista, Sporting, Bétis de Sevilha, Leicester, presenças no Europeu 2004 e Mundial 2006 e 79 internacionalizações. Este é o currículo do guarda-redes Ricardo que, aos 35 anos, nos últimos dos quais não foi especialmente feliz, resolvei continuar a carreira ao serviço do Vitória de Setúbal.
Começou a jogar como profissional no Montijo e viveu o seu melhor período no Boavista com a conquista de um campeonato e uma Taça de Portugal. Contratado pelo Sporting em 2003, manteve-se em Alvalade até 2007, fase em que o seu nome esteve na ribalta, em especial pela defesa e marcação de grandes penalidades no Europeu em que Portugal perdeu o título para a República Checa.
As presenças em Espanha e, em especial, no Leicester, não foram totalmente conseguidas e o banco de suplentes passou inesperadamente a ser demasiadas vezes o seu lugar, nada condizente com o passado.
A Ricardo compete gerir a carreira, mas seria muito agradável que a sua passagem pelo futebol fosse essencialmente lembrada pelas situações agradáveis. O guarda-redes merece sair de Setúbal com uma imagem mais positiva e, para isso, não poderá esticar muito a corda da idade. Que seja feliz.
A luta pelo terceiro lugar, o mais favorável das pré-eliminatórias da Liga Europa do próximo ano - se as associações do Porto e de Braga acertarem na ideia que a UEFA e a FIFA só andam a assustar os portugueses sobre a alteração dos estatutos da FPF - está para lavar e durar.
Três dos vários candidatos apenas conseguiram conquistar um ponto. Rio Ave e Sporting nem conseguiram marcar e deixaram os respectivos treinadores desolados. Carlos Brito nem escondeu certa irritação, pois considerou que a sua equipa merecia inteiramente a vitória, pelo «domínio absoluto durante 75 minutos», enquanto José Couceiro reconheceu terem os leões dado «45 minutos de avanço» e aparecerem apenas no último quarto de hora.
O Vitória de Guimarães parecia encaminhadp para ficar com os três pontos, mas nos derradeiros segundos o seu jogador William, emprestado ao Setúbal, restabeleceu a igualdade e os sadinos mantêm a esperança de não descer de escalão.
Sporting e o Vitória sulista estão condenados a passar, por razões diversas, mais sete jornadas de martírio.
O Sporting de Braga não resiste na visita do Paços de Ferreira. A Académica perde na recepção ao Rio Ave. A Naval de Carlos Mozer foi empatar a Setúbal.
Face a estes resultados não admira alguma agitação nos clubes que não confirmaram o favoritismo e ficaram mais longe de concretizar os objectivos há muito traçados.
José Guilherme viu que não conseguia inverter a tendência de resultados negativos dos estudantes e entendeu que a melhor solução - a pensar no futuro da sua carreira e do clube - era a demissão, elogiada e aceite pelos responsáveis da Briosa.
Manuel Fernandes foi mais uma vez contestado pelos adeptos sadinos, já que a equipa não consegue afastar-se dos lugares de despromoção. Posição difícil para o técnico, já que o apoio da direcção poderá ceder face ao descontentamento da massa associativa.
Domingos Paciência, cuja continuidade no Sporting de Braga parece desde há tempos comprometida, considera a situação anormal e critica a postura do treinador pacense sobre eventual recusa da alteração da data do jogo. Argumentos que só por si não explicam a «queda» dos arsenalistas do Minho na presente temporada, nem tiram mérito ao trabalho desenvolvido por Rui Vitória.
Falta saber quais as consequências do resultado que acontecer em Alvalade, tanto mais que Jorge Jesus entendeu pronunciar-se sobre as prioridades dos dirigentes de Alvalade.
Manuel Fernandes tinha muita esperança em se afastar dos últimos lugares da I Liga na segunda visita consecutiva do Sporting ao Bonfim. A espectativa não se confirmou porque o Vitória de Setúbal foi uma sombra da equipa que eliminou os leões da Taça de Portugal, e o conjunto orientado por Paulo Sérgio apresentou ligeira melhoria, mais eficaz no ataque do que se previa.
Aliás, terá residido na conjugação destes dois factores o «ar de graça» sportinguista, embora seja justo realçar que os jogadores de Alvalade pareceram mais motivados depois do propalado raspanete dos dirigentes.
De salientar, também, que algumas alterações introduzidas pelo técnico produziram resultados positivos, com realce para as actuações de Abel e consequente adiantamento de João Pereira, e a titularidade de Yanick Djaló.
O treinador espera que as férias de Natal sirvam para «limpar o disco rígido», mas continua a não haver garantias do computador funcionar em pleno nos tempos mais próximos.
PERGUNTA DO DIA
O Sporting conseguirá atingir melhor rendimento
no próximo ano?
O presidente do Beira-Mar, há dias, anunciava que o clube não tinha dinheiro para organizar o encontro com o Benfica e, devido à penhora das receitas, e outras dívidas, não acreditava na sobrevivência do clube. Agora, os credores, antigos dirigentes, levantaram a penhora, e a situação tornou-se mais desafogada. Uma boa notícia, mas apensa por pouco tempo. Sem medidas drásticas e urgentes, voltará a perspectiva de o Estádio Mário Duarte deixar de ter futebol e desaparecer mais um clube.
O Vitória de Setúbal, quando deveria festejar com pompa e circunstância cem anos de existência, oferece outra má notícia. O residente Fernando Oliveira, em entrevista concedida ao diário A Bola, afirma: «A situação é muito complexa. Não digo que seja intransponível, mas... O Vitória não tem nada. Está na estaca zero, ingovernável». Acrescenta: «Se o nosso projecto não avançar, o Vitória acaba.»
Acaba aquele clube que vimos pela primeira vez vencer a Taça de Portugal, quando a equipa era treinada por Fernando Vaz, acompanhámos como jornalista a noite de festa em Setúbal: os jogadores na varanda da Câmara Municipal a serem recebidos em delírio pelos habitantes da cidade.
Senhores que mandam no futebol. O futuro não perdoará àqueles que contribuíram ou ficaram insensíveis ao rasgar da história.
Os clubes mais representativos de Lisboa tiveram um dia para esquecer. A desgraça começou em Alvalade e teve «terminação» em em Setúbal.
Carlos Carvalhal procedeu a uma revolução na equipa que foi cilindrada no Dragão para a Taça de Portugal, mas o expediente não surtiu os efeitos esperados.
A Académica, que ainda não tinha vencido fora do seu estádio, aproveitou o «bombo da festa» desta edição da Liga e deixou os leões mais distantes de um lugar de acordo com os seus pergaminhos.
A primeira escolha do presidente José Eduardo Bettencourt para substituir Paulo Bento, o jovem técnico André Villas Boas, deve ter bendito a hora em que não foi sensível ao desejo dos leões em treinar a equipa.
O Benfica, que embandeirou em arco com o facto de ter ultrapassado o Sporting de Braga no topo da classificação, mesmo à custa de um jogo a mais, foi surpreendido pelo Vitória de Setúbal e deixou dois pontos no Bonfim.
Os comentários à arbitragem não foram pacíficos por parte dos dois contendores, e Jorge Jesus ainda teve esperanças na vitória no período dos descontos, quando Cardozo se preparava para marcar um penalty. Só que o paraguaio falhou e o técnico socorreu-se do lugar comum das vitórias morais para explicar um empate imprevisto a complicar eventual consolidação da liderança.
Manuel Fernandes considerou que o segundo golo de Liedson "era para os apanhados", dado a maneira caricata como aconteceu.
Não será exagerado incluir o confronto entre setubalenses e sportinguistas na filosofia desse conhecido programa de televisão.
Apesar de Carlos Carvalhal vislumbrar grandes progressos na equipa de Alvalade, o capitão João Moutinho e companheiros não mostraram nada de especialmente positivo comparado com o que se tem visto esta época.
O Vitória de Setúbal, talvez a praticar melhor futebol do que se esperaria do último classificado, também não promete chegar muito longe se não investir em reforços no próximo mês.
Conclusão: um jogo que só não é para esquecer pela sucessão de lapsos no segundo golo. Os principais responsáveis foram o guarda -redes sadino e o elemento do trio de arbitragem que deveria ter visto a bola sair do campo antes de Nuno a ter enviado para a marcação do suposto livre contra o Sporting, caso o árbitro não tivesse deixado seguir o lance por a bola estar já ao alcance do jogador setubalense.
De tudo que se viu, realce para o regresso ao golo de Liedson. Os seus desabafos surtiram efeito, pois até os adversários compensam a sua «solidão» na frente do ataque...
A revelação de um estudo, que aponta para a situação de FC Porto, Benfica e Sporting de "falência técnica", não causará surpresa.
Desde há muito que se conhecem as dificuldades financeiras dos clubes portugueses, com problemas de maior ou menor dimensão face às respectivas capacidades de gerar receitas ou de falhanços nos investimentos.
Os números que surgiram nesta notícia dizem respeito aos cotados em Bolsa, mas são diariamente referidas situações graves por falta de pagamento ao fisco, Segurança Social e salário dos futebolistas, cujo montante total tornará, a breve prazo, insuportável a sua sobrevivência.
Conjugada com a referida "falência técnica", verifica-se a falta de princípios dos dirigentes. O caso do Vitória de Setúbal é elucidativo. Na deslocação à Madeira para defrontar o Marítimo, apenas se deslocaram os responsáveis técnicos e jogadores.
Nenhum director acompanhou a comitiva e, certamente, não foi para poupar dinheiro ao clube. Também os ratos são sempre os primeiros a fugir quando a embarcação mete água.
O Vitória de Setúbal ganhou após quatro desaires. O treinador Daúto Faquirá terá salvo o lugar ao atirar o Belenenses para posição incómoda. Jaime Pacheco perdeu a primeira vez desde que orienta os futebolistas do Restelo.
A "lei da rolha" imposta pelo presidente, contra a vontade dos restantes membros da direcção, deve continuar para as bandas do Sado. Luís Lourenço encontrou a táctica perfeita para levar os sadinos ao primeiro lugar: bico calado e pontapé na bola.
Assim caminha o futebol em Portugal. Do presidente ao treinador e jogadores, que dizer? Um ficou certamente convencido que a sua decisão valeu a conquista dos três pontos e nem Benfica nem FC Porto, os próximos adversários, resistirão à inovadora estratégia. O segundo engoliu um "sapo" para continuar vivo como treinador dos setubalenses. Os futebolistas deram mais uma prova de que ainda não estão conscientes de serem o elo mais forte.
Sem eles, tais dirigentes tinham de pagar para aparecerem nos jornais.
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