Nada se confirma até ao ultimo minuto do prazo para acertar transferências. Tudo indica, no entanto, que o futebol português cederá os direitos de dois jogadores brasileiros - um deles naturalizado, pelo que representou a selecção nacional -, que se salientaram nos respectivos clubes.
O jovem central David Luiz estará próximo de rumar para o Chelsea e o Benfica efectuará um dos melhores negócios de sempre e, certamente, continuará a apostar no mercado sul-americano.
O Sporting deverá ficar sem o «veterano» Levezinho (33 anos) e receberá do Corinthians - clube de origem - uma verba que constitui apenas uma gota de água no seu «mar» de necessidades financeiras. Acresce, no entanto, que deixará de pagar o ordenado mais alto do plantel, factor a considerar dada a progressiva perda do faro de goleador comparado com épocas anteriores, quando era a bandeira dos adeptos de Alvalade - «Liedson resolve».
Qualquer deles, possivelmente amanhã, serão já saudade dos clubes da Segunda Circular lisboeta. A avaliar pelo potencial dos dois plantéis,, Paulo Sérgio ficará mais preocupado do que Jorge Jesus. O próximo minuto será crucial.
O Sporting não tem descanso. Quando o futebol dava sinais de certa estabilidade, eis que um responsável (Sá Pinto) corrobora os adeptos nos protestos a um lance menos feliz do guarda-redes (Rui Patrício), um suplente (Liedson) defende o colega e, nas cabinas, o primeiro e o terceiro chegam a vias de facto. O treinador, «dono» do antes, durante e depois dos jogos, e também nos treinos, terá ficado sem capacidade de reacção e permitiu a anedótica explicação do atraso à conferência de imprensa se dever aos 30 penalties do Restelo.
O director do departamento de futebol já tinha dado sinais de continuar temperamental, apesar da passagem dos anos, como em 12 de Dezembro escrevemos no nosso post «Alvalade com nervos à flor da pele», no qual referíamos também a apatia do treinador perante a agitação que se verificava no banco de suplentes.
Nunca pensávamos, no entanto, que uma cena observada em Abril de 1977 no átrio das cabinas do Jamor, quando Sá Pinto agrediu o seleccionador Artur Jorge por não fazer parte da lista de convocados, teria como um dos intérpretes o mesmo «artista».
Há 13 anos foi uma tristeza ver o comportamento do ex-jogador. Agora, o sentimento será idêntico no que toca ao conflito, pois o relato dos acontecimentos fica sujeito a informações filtradas por pessoas ligadas ao clube.
Quem tramou o FC Porto? A arbitragem do jogo com o Paços de Ferreira ao anular, por inexistente fora-de-jogo, a avaliar pelas imagens televisivas, o remate de Falcão que levou a bola ao fundo das redes na fase inicial da partida? A equipa do Dragão que, apesar deste contratempo e do domínio quase total das operações, não teve talento para aproveitar várias situações de golo e consentiu novo empate aos pacenses?
Por muitas razões que Jesualdo Ferreira tenha ao admitir que a anulação daquele lance foi determinante no desenrolar da partida, bem no íntimo deve reconhecer que o seu trabalho ao longo dos últimos meses está longe de dar os frutos colhidos nos anos precedentes em igual período.
A intranquilidade apoderou-se dos jogadores nucleares mantidos no plantel, e os novos continuam a não mostrar as qualidades dos que rumaram para novos horizontes.
O Sporting começou a sofrer, a entrada de Liedson foi excelente calmante para encarar o resto da partida e acabou com alguma tremedeira, que avaliza a determinação e capacidades do Nacional sob o comando interino de Jokanovic.
Carlos Carvalhal pode agradecer ao Levezinho o quinto triunfo consecutivo e pedir-lhe desculpa de só ter visto um dos seus dois golos...
Braga e Benfica têm agora oportunidade - apesar das deslocações à Académica e ao Marítimo, respectivamente - de deixar os dragões mais longe, embora não ferido de morte caso tenham viagens de regresso agradáveis. Ainda faltam muitos quilómetros.
O Sporting seguiu o exemplo do Benfica e está nos dezasseis-avos da Liga Europa. Os jogadores do Nacional da Madeira, naturalmente afectados com o estado de saúde do treinador Manuel Machado, não evitaram derrota pesada em Bremen e colocaram ponto final nas já ténues esperanças.
Apuramentos, no entanto, longe do brilho que se esperava em termos exibicionais. Jorge Jesus optou pela gestão de esforço de alguns atletas, face ao anterior jogo com o Sporting e à recepção à Académica, e a equipa ressentiu-se do facto. O BATE Borisov nunca demonstrou capacidade para contrariar as ambições dos portugueses -apuramento imediato - mas o Benfica começa progressivamente a ter mais dificuldades em explanar o futebol que lhe valeu algumas goleadas.
Em Alvalade voltou-se ao mais do mesmo, com a agravante de ter estado em risco a antecipada qualificação. Do minuto 46 até ao 90+1 o Sporting esteve a perder, e foi um golo de Grimi que salvou a situação em mais uma exibição decepcionante. Aos «fogachos» de sábado perante os encarnados sucedeu a penumbra...
Mais preocupante, no entanto, foi Liedson ter pedido uns tempos de afastamento, por não se adaptar ao sistema de jogo que Carlos Carvalhal pretende impor.
O técnico deitou água na fervura ao elogiar a acção do jogador, «autor do passe para Grimi marcar», mas nova onda de contestação pode «inundar» Alvalade.
«É preciso reagir de imediato, as coisas não podem continuar como estão... Há coisas no jogo que têm de ser feitas no momento, um passe mais simples, uma jogada de menos efeito para que consigamos simplificar. Não podemos complicar».
Estas palavras, proferidas depois do empate com o Belenenses em Alvalade não são do treinador Paulo Bento, «barricado» na bancada ou em qualquer outro lugar por castigo. E mais impedimentos de se sentar no banco estão para sair da Comissão Disciplinar da Liga, facto que concederá ao responsável do Sporting, certamente, um recorde, de ausências em momentos cruciais dos jogos. Em prejuízo do clube.
Também não são da responsabilidade do presidente José Eduardo Bettencourt, preocupado em criticar o Benfica pela criação de um fundo de investimento que considera «uma vergonha».
Este desabafo, por ironia do destino, pertence a Liedson, simples protagonista da partida. Afinal, um dos «lesados» em termos exibicionais - e não só - pelo esquema táctico e opções do treinador. Uma das vítimas do ambiente hostil que ressalta das bancadas no final de cada jogo, inclusive no caso de vitória com o Hertha, após exibição reconhecidamente paupérrima.
Consequência de deficiente avaliação das necessidades do plantel no início da temporada e da convicção que o sector da formação tem capacidade infinita para compensar todas as fragilidades, à boa maneira do seu ex-treinador Carlos Queirós, e aceite como verdade absoluta pelos actuais dirigentes.
Liedson já lhes deu o mote. Se a solução é complicar, que sejam felizes...
Liedson «brasileiro português de Alvalade» (parafraseando os versos de António Sala cantados por Alexandra há alguns anos) marcou o centésimo golo da Liga e permitiu ao Sporting sair dos apertos colocados por um Paços de Ferreira infeliz por duas lesões e castigado com duas expulsões.
José Eduardo Betencourt não terá incluído certamente o Levezinho na lista dos acusados de «falta de solidariedade», nem outros jogadores que sofreram até perto do encontro com os pacenses, tal como Paulo Bento.
O presidente dos leões, no entanto, deverá começar a pensar menos em «fantasmas» e mais nos problemas que afectam o rendimento de futebolistas endeusados por alguns observadores e cuja vaidade afecta a capacidade profissional.
Referir situações insólitas que se verificam na equipa dispensa referir nomes - cada um enfiará a carapuça adequada. Há atitudes que não se admitem em futebolistas que anseiam ser campeões. Despachar bolas para a frente, sem conta e medida, deixando aos colegas a missão de lutar pela posse da bola; correr metros para passar o esférico a um colega que está a centímetros e já rodeado de adversários; adoptar uma toada tão lenta que o antagonista facilmente anula qualquer tentativa atacante e fica com o caminho desimpedido para ensaiar um ataque, por falta de marcação; défice de remate, com frequência desenquadrado com a baliza e enquadrado com o guarda-redes.
A manter-se esta situação, Paulo Bento não aguentará a pressão e perder-se-ão todos os conhecimentos que transmitiu à equipa e os adquiridos com esta experiência dos últimos anos. É tempo de agir...
Os próximos compromissos da selecção concitam as atenções e o estágio na localidade sueca de Varberg é acompanhado a par e passo, dentro das limitações impostas pelas regras normais estabelecidas pelo seleccionador.
Os observadores ainda não tiraram conclusões sobre a possível equipa que Carlos Queirós apresentará frente aos dinamarqueses, pelo que tudo gira à volta de fait-divers, à falta de aspectos relevantes.
Aquilo que respeita ao naturalizado Liedson é escalpelizado até ao ínfimo pormenor. A recepção por parte dos companheiros, o apoio do extrovertido do «duplo» compatriota Pepe, a sua ausência quando os companheiros pisaram pela primeira vez o relvado, o momento em que estreou, em treino, a camisola portuguesa, e pouco mais.
A par desta informação, que será mais interessante com o aproximar do primeiro de dois jogos cruciais no apuramento do Mundial, outras notícias relacionadas com Portugal mostram um percurso menos agradável da vida de um jogador.
Jardel passou de vedeta, idolatrado em épocas diferentes por portistas e sportinguistas, é agora mais um jogador do Américo do Ceará, clube da III Divisão brasileira desde 2005.
Na tentativa de voltar à ribalta, os dirigentes contrataram o antigo SuperMário até Dezembro, com um ordenado não revelado e o pagamento de 500 euros por cada golo marcado.
Jardel não conseguiu furtar-se aos perigos de uma carreira de êxitos e de dinheiro e tornou-se num dos inúmeros protagonistas da face obscura do futebol.
O Sporting continua a não ganhar. Agora aconteceu em Alvalade, no confronto com a Fiorentina, relativo à primeira mão do play-off de apuramento para a fase de grupos da Liga dos Campeões.
Cedeu um golo, acabou por marcar dois, mas não resistiu à superioridade dos italianos - numérica e futebolística - e consentiu a igualdade, sem engenho para reagir.
Reconheça-se que o árbitro teve influência no desenrolar da partida e as suas decisões mostraram-se menos rigorosas para os visitantes, mas convenhamos que o Sporting está longe de praticar um futebol que explore as capacidades e evite deficiências dos jogadores. Além disso, infantilidades como a de Vukcevic ao despir a camisola para festejar um golo não podem admitir-se num profissional.
O despique com os comandados de Cesare Pradelli talvez fosse o mais positivo dos leões desde o princípio da época, mas continua a não se entender a maneira como a equipa joga para Liedson. Será que as bolas bombeadas para a área constituem o processo ideal de solicitar o brasileiro, jogador que sabe criar espaços, gosta de receber a bola mais rente à relva e é especialista em ludibriar os adversários.
A eliminatória parece comprometida. Paulo Bento, no entanto, ainda tem muito tempo para rever processos. No ataque e, também numa defesa com elementos em deficiente forma.
A naturalização de Liedson e a possibilidade de ser integrado nas convocatórias de Carlos Queirós para os futuros compromissos da selecção estão a provocar reacção inesperada do presidente do Sindicato dos Jogadores.
João Evangelista propõe-se ter uma conversa com o presidente da federação e o seleccionador nacional para expressar uma «posição de repúdio» pela naturalização do avançado sportinguista.
Deco e Pepe, brasileiros que representaram Portugal, não mereceram este nível de contestação por parte do dirigente sindical, pelo que perdeu qualquer legitimidade para colocar agora o problema nestes termos.
Por outro lado, tem assistido, quase impávido e sereno, à contratação massiva de jogadores estrangeiros pela maioria dos clubes, ao ponto de ainda há dias uma das equipas mais credenciadas ter alinhado de início sem qualquer português.
Será que esta realidade não «coloca em risco» o futuro do futebol português, mas apenas o simples caso de Liedson que, tal como o de Deco e Pepe, não são inéditos no nosso país?
João Evangelista já não tem agora moral para abordar este assunto, e a manter semelhante procedimento no caso dos salários em atraso, deverá ceder o lugar a alguém que defenda princípios mais realistas e coerentes.
O campeonato lá vai seguindo a conta-gotas, face à necessidade de não desperdiçar os rendimentos das transmissões televisivas, agora também pelo adiamento do Estrela da Amadora-FC Porto para 17 de Dezembro.
Será compreensível esta submissão dos clubes à vontade da TV, embora correndo riscos de ter menos espectadores nos campos, em especial quando começam a baixar as temperaturas. Ainda está por explicar, no entanto, se o número de espectadores esta noite na Figueira da Foz - pouco mais de quatro mil - se ficou a dever à transmissão, às condições climatéricas ou ao pobre espectáculo proporcionado na maioria dos casos.
Com o Leixões já certo no topo da Liga, o Sporting reencontrou-se com as vitórias na deslocação ao campo da Naval. Um jogo que a partir de certa altura se tornou dramático para Paulo Bento, a viver uma primeira fase tranquila, face ao golo de Liedson - ninguém mais sabe marcar em Alvalade? - e à defesa de uma grande penalidade por Rui Patrício.
Seguiu-se o sofrimento provocado pela expulsão de Derlei - impressiona a regularidade de atitudes incorrectas do brasileiro - e de Caneira, reflexo que nem sempre a idade é sinónimo de maturidade.
Se a justiça desportiva portuguesa tivesse a mão mais pesada e os clubes entrassem mais nos bolsos dos jogadores, talvez o panorama fosse diferente.
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