Análise das questões do desporto e, em especial do futebol, feita por António Castro, agora mais distante dos centros de decisão, ao contrário do que aconteceu durante 40 anos ao serviço do extinto «Mundo Desportivo» e do «Diário de Notícias»

Quarta-feira, 24 de Junho de 2015
Final triste de um jogo decisivo de Sub-21

O encontro de Sub-21 entre Portugal e a Suécia fez cair por terra a teoria dos defensores de encontros decisivos serem efectuados à mesma hora. Com o apuramento dependente do que se passava entre alemães e italianos, a partir de certa altura tornou-se evidente que o empate era um resultado a defender.

Se até certa altura se assistiu a interessante despique entre ibéricos e nórdicos, a seguir ao golo de Gonçalo Paciência os suecos voltaram a intensificar a toada atacante, restabeleceram a igualdade e acabou o espectáculo.

Encontrados os participantes nas meias-finais e garantida a presença nos Jogos Olímpicos do Brasil, os cinco minutos derradeiros, incluindo o tempo de desconto, foram vergonhosos.

A equipa de Rui Jorge jamais ultrapassou a linha do meio-campo, com excessivos passes entre dois jogadores a pouco metros de distância e os restantes a ver. Os suecos mantiveram-se parados, apenas atentos à bola e aos adversários na outra metade do terreno.

Nem tiveram engenho para disfarçar as suas intenções, de tal maneira que o árbitro entendeu acabar com o jogo a alguns segundos de se atingir o terceiro minuto de compensação.

Que tristeza!



publicado por António Castro às 23:49
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Segunda-feira, 25 de Agosto de 2008
Benevolência e cinismo nas análises aos olímpicos

O fraco nível na participação dos portugueses nos Jogos Olímpicos de Pequim tem originado os mais diversos comentários, tanto de responsáveis directivos e de elementos que estão ou estiveram ligados ao fenómeno desportivo, como do adepto anónimo.

Daqueles surgem palavras de compreensão pelos resultados obtidos na China e o reconhecimento de que todos os atletas deram o máximo para a obtenção das melhores tempos ou marcas, e desculpam algumas desilusões pelas contingências próprias das competições desportivas.

Que poderiam dizer? Nada mais do que isso, caso contrário correriam riscos que podem ainda recair sobre Vanessa Fernandes ao colocar em causa a dignidade de alguns atletas.

Dos últimos ressaltam elogios aos participantes, realçam as deficientes condições de preparação, e dirigem ataques aos privilégios que dizem beneficiar o futebol, lembrando o número de estádios construídos para o Europeu 2004, alguns agora condenados a ter meia dúzia de espectadores cada fim-de-semana, e um deles utilizado uma vez por ano, sem possível aproveitamento para outras modalidades.

Se existe alguma razão para estes reparos, analisemos o problema noutra perspectiva - o número de espectadores que cada uma das modalidades atrai ao longo do ano. Estes críticos, a quantas provas de atletismo, natação, judo, triatlo, canoagem, remo, tiro, vela, ténis-de-mesa, ginástica, trampolins ou de outras modalidades ditas amadoras assistiram numa temporada. E quantos jogos de futebol, incluindo os que não abdicaram do conforto do sofá, viram de princípio ao fim. 

Deixem-se de apregoar princípios moralistas e reconheçam que a maioria dos portugueses gosta essencialmente de futebol, e só quando há Jogos Olímpicos dá uma espreitadela a outras actividades desportivas e arma-se em defensor dos "desprotegidos".



publicado por António Castro às 08:00
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Sexta-feira, 22 de Agosto de 2008
Vitória de Nélson torna mais premente a reflexão

"O Deco do atletismo português", como escreveram com certa ironia os jornais chineses ao referirem-se a Nélson Évora, pelo facto de ser naturalizado, voltou a ser figura em destaque.

Desta feita, as suas imagens reportaram-se à cerimónia da entrega das medalhas que, naturalmente, foram antecedidas pelas do salto olímpico de ouro.

"Não há fome que não dê em fartura", diz-se na sabedoria popular, e o ego de alguns portugueses vibrou duplamente com a mesma proeza. Uma compensação para o fracasso de outras participações que se anteviam prometedoras.

Nélson Évora teve o condão de transformar a grande vitória no Ninho do Pássaro numa despropositada vaga de euforia entre alguns responsáveis da comitiva, que se servem de estatísticas ou de dados subjectivos para colocar a participação na China no topo das presenças olímpicas portuguesas.

Se assim é, porque preconizam, então, mudanças profundas de procedimentos?

Se foi a melhor representação de sempre, justificar-se-á alterar o rumo?

Por favor, tenham calma. A vitória pertence a Nélson Évora, um "animal de competição" como acentua o seu amigo e treinador. Fica registada na história olímpica de Portugal, mas deve-se em medida reduzida às estruturas desportivas do País.

Importa, portanto, meter mãos à obra com a mesma abnegação que se exige aos atletas.



publicado por António Castro às 19:35
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Quarta-feira, 20 de Agosto de 2008
Criticar agora presença nos Jogos é só "fumaça"

Será que era necessário o percalço de Naide Gomes, semelhante a alguns que tem acontecido a muitos atletas em várias edições da prova, inclusive em Pequim, para se levantar um clamor sobre o rendimento da representação portuguesa nos Jogos Olímpicos?

Será que ninguém tinha notado que a maioria dos atletas escolhidos nem sequer apresentavam no seu palmarés tempos ou marcas que admitissem a obtenção de um diploma (oitavo lugar)?

Será que não eram públicas as verbas destinadas aos atletas que reunissem condições para se incluírem na lista de alta competição, recebendo compensações especiais?

Será que ninguém sabe que a prática de desporto nas escolas é uma "mentira" desde há muitos anos, e algum trabalho positivo ainda é feito por modestos clubes, que descobrem e moldam a matéria-prima mais tarde aproveitada apenas como marketing pelas colectividades de superior dimensão?

O azar de Naide Gomes foi apenas um episódio que nada tem a ver com os maus resultados na China, e as palavras de Vanessa Fernandes, ao criticar a falta de dedicação de alguns praticantes, também não constituirão novidade para dirigentes e treinadores.

Os vícios e políticas desportivas inadequadas já vêm de longe, pelo que este escândalo deverá ser entendido apenas como "fumaça".

  

 



publicado por António Castro às 21:20
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Terça-feira, 19 de Agosto de 2008
Tratamento de choque para desporto português

Jaime Pacheco resolve, após avanços e recuos, deixar de treinar o Boavista. As razões não foram divulgadas, mas não foi de ânimo leve que o único treinador que deu ao Bessa um título de campeão nacional tomou semelhante atitude, ao fim de muitas semanas.

Evidentes são as dificuldades do clube e, infelizmente, a provável queda no abismo, mas nos bastidores apontam-se outros factos que obrigam o treinador a procurar vida noutras paragens.

Vicente de Moura, na China, anunciou que não se recandidatará a presidente do COP em Dezembro, cumpridos cinco mandatos, e a justificação reside na fraca prestação de Portugal nos Jogos Olímpicos, pois, segundo disse, "a culpa não pode morrer solteira". Uma atitude que se regista, mas cumpre reconhecer que o "marido" da culpa não pode ser apenas Vicente de Moura, já que o processo de preparação e selecção para os Jogos permite a "poligamia". Governantes, dirigentes desportivos, treinadores, atletas e outros agentes ao seu serviço, cada um no âmbito das suas responsabilidades, devem assumir publicamente a frustração que, a 22 dias do início da competição, admitimos nesta "montra" como possível, numa altura em que vingava a euforia em todos esses quadrantes.

Duas decisões tristes para o desporto português. É impossível, no entanto, ultrapassar um sistema sem linhas precisas de orientação, a viver de facilitismos e sem noção das realidades.



publicado por António Castro às 20:06
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Domingo, 10 de Agosto de 2008
Mais um dia; menos uma hipótese

Prometo. Só voltarei a escrever sobre a presença portuguesa nos Jogos Olímpicos quando algum atleta obtenha um resultado digno de registo ou tenha justificado a sua presença na China e, por esta ou aquela razão, não tenha conseguido um resultado que estaria normalmente ao seu alcance. 

Não pretendo assumir o papel de "ovelha ranhosa", dada a conhecida posição, manifestada desde há anos, que as palavras de Pierre de Coubertin  defensoras do espírito olímpico da altura - "participar já é vencer" - estão ultrapassadas desde há alguns anos.

E o segundo dia de provas não justificou o optimismo do presidente do Comité Olímpico de Portugal e voltou terminar em clima de frustração, pois a modalidade menos ambiciosa - natação -nem sequer teve a alegria de acrescentar à sua lista um novo recorde nacional.

Uma palavra é devida à judoca Telma Monteiro, que passou a primeira adversária  e começou o ciclo de duas derrotas, que a conduziram à eliminação, frente à chinesa Dongmei Xian, que acabou por revalidar o título olímpico. Um dos tais imponderáveis que referimos ontem, mas que os responsáveis parecem esquecer quando se entregam a exercícios de futurologia.

Nós, modestamente, cá esperamos que um dos nossos representantes mais credenciados esteja inspirado e seja feliz no momento exacto. 

  



publicado por António Castro às 19:00
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Sábado, 9 de Agosto de 2008
Magia dá lugar a dura realidade

O Mundo ficou extasiado com a cerimónia inaugural dos Jogos Olímpicos. Um espectáculo deslumbrante com a duração de quatro horas num estádio por onde passaram 50 mil figurantes e desfilaram - na sequência da habitual intervenção solene de abertura dos Jogos proferida pelo Presidente da China Hu Jintao - a maioria dos 11128 atletas inscritos por 205 países, números nunca antes atingidos.

"Um Mundo, um Sonho", lema desta edição do certame escolhido por votação popular, tornava-se uma frase mágica para mais de cem mil espectadores presentes no estádio e milhões de pessoas espalhadas pelo Mundo.

Passadas algumas horas, começou a esfumar-se o sonho de alguns atletas  de várias nacionalidades, entre os quais portugueses. O primeiro dia de competições não foi especialmente feliz para os nadadores, judocas, ciclistas, praticantes de badminton e atiradores lusos, alguns já eliminados, outros ainda em prova mas com limitadas perspectivas de atingirem lugares de honra.

A participação nos Jogos Olímpicos tem uma dimensão muito diferente de qualquer outra prova, mesmo de nível mundial. Aliadas às qualidades técnicas, importa ter nervos de aço, tal a pressão suportada pelos atletas. E, naturalmente, alguma dose de sorte. Sem a conjugação favorável destes e outros factores, a aventura termina demasiado cedo.   



publicado por António Castro às 21:23
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Segunda-feira, 21 de Julho de 2008
Jogos Olímpicos e Futebol de candeias às avessas

O futebol nos Jogos Olímpicos tem passado por várias crises, começando pela questão do amadorismo. Situação ultrapassada com a progressiva aceitação nos Jogos de profissionais de outras modalidades, embora com limitação de idades imposta aos futebolistas e consequente desinteresse dos responsáveis de diversas selecções.

Sendo certo que a grande modalidade do certame mundial é o atletismo, o futebol tem atraído muitos espectadores nas últimas edições, até em países onde a modalidade nem sequer mobiliza as atenções da generalidade dos seus habitantes.

Agora outro problema se levante e tem a ver com os elevados investimento que os clubes fazem em jovens jogadores, não querendo abdicar da sua presença logo na preparação da temporada, já que os Jogos Olímpicos coincidem, em especial, com os campeonatos europeus, recheados de atletas de todo o mundo..

A FIFA tem regras que obrigam à cedência de jogadores até aos 23 anos, mas as reclamações dos clubes começam a subir de tom e já surgem ameaças de não cumprimento dos regulamentos.

Parece chegada a altura do COI e FIFA - obtida uma posição consensual entre as diversas Confederações e respectivos clubes - se sentarem a uma mesa e acabarem com este clima de crispação que se acentua de quatro em quatro anos.



publicado por António Castro às 18:50
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Quinta-feira, 17 de Julho de 2008
As ilusões portuguesas nos Jogos Olímpicos

Faltam 22 dias para o início da grande festa olímpica em Pequim. Portugal estará representado, até ao momento, por 76 atletas em 15 modalidades, números que podem criar aos mais optimistas algumas ilusões quanto a resultados.

Nem todos os atletas presentes na importante competição podem conquistar medalhas ou simplesmente menções honrosas, mas convenhamos que o espírito defendido por Pierre de Coubertin está ultrapassado.

Numa sociedade competitiva como a actual, a participação já não corresponde a uma vitória. Exige-se algo mais de qualquer atleta - a obrigação de conseguir mínimos para competir constitui apenas um indicador que não pode ser esporádico, mas sustentado e resultante de um trabalho em profundidade. Razão por que não parece muito curial a corrida de última hora à obtenção de marcas que permitam um "passeio" aos Jogos Olímpicos. Compreende-se que figurar numa prova desta envergadura constitui um marco na carreira de qualquer atleta, mas o desporto de um país não se valoriza só por isso, nem se rentabilizam os gastos públicos, já de si muito limitados para conseguir resultados condignos, concedidos aos atletas.

Espera-se, pois, que o comportamento da comitiva portuguesa na China não constitua uma desilusão, como aconteceu, por exemplo, no Espanha 82.   



publicado por António Castro às 18:55
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