O ambiente de euforia que tem rodeado a selecção em Viseu terminará com a viagem para a Suíça. Mas o "clima de vitória" continuará em terras helvéticas, protagonizado pelos emigrantes de forma diferente, mais sentimental, pois estão longe da pátria e nalguns casos sentem-se discriminados pelos habitantes do país.
Parece prudente, no entanto, haver quem entre os responsáveis demonstre a par de confiança certo realismo, e alerte para ambições desmedidas, já que os resultados dos jogos não se regem por fórmulas imutáveis.
No Europeu 2004, a vitória era uma certeza, tanto mais que a fase final se realizava em Portugal - a Grécia levou o troféu com dois êxitos sobre os portugueses.
No Alemanha 2006, não se podia colocar em dúvida a conquista do título mundial, pois a chamada "geração de ouro" estava no auge da maturidade - a Itália juntou mais uma vitória a valioso palmarés na prova.
Quatro anos passados, retira-se das palavras de vários elementos ligadas à selecção que tudo aponta para a conquista do Europeu. O treinador Scolari disse, antes do jogo-treino com a Geórgia, que "a ideia é chegar à final e sermos campeões". E acrescentou: "No mínimo queremos ultrapassar a primeira fase e depois entrar no mata-mata".
Será conveniente também admitir que o "mata-mata" pode chegar mais cedo. Não o desejamos, mas devemos considerar uma hipótese possível.
Barcelona afastou Frank Rijkaard após vários anos de idílio e permanentes provas de "afecto" do seu presidente nos útimos tempos da sua permanência no clube. Inter libertou-se de Roberto Mancini depois de muitas promessas de confiança, demonstradas com a renovação do contrato até 2012. Sven-Goran Eriksson também foi afastado do Manchester City via Tailândia.
Alguns exemplos de um fim de temporada intolerável no que respeita aos processos de despedimento, conhecidos publicamente muito antes da confirmação por parte das entidades patronais. Fosse por anteriores compromissos verbais ou à espera do termo das competições, com o argumento de não destabilizar - e desautorizar, como é evidente - os respectivos técnicos.
Qualquer que sejam as razões, uma reflexão sobre estes casos - apenas os mais mediáticos dos últimos dias - chega-se à conclusão que a palavra dos homens é coisa do passado, e quem a defende já não faz sentido andar por este mundo. Honestidade, frontalidade e ética são termos que deverão desaparecer do dicionário - alerta aos responsáveis pelo novo acordo ortográfico!!! - ultrapassados por uma nova filosofia de vida, que entendemos, mesmo sob pena de sermos considerados ingénuos, ser autêntica "lei da selva". E praticada por gente que tem mais obrigações perante a sociedade.
A proposta em debate no Congresso da FIFA a decorrer em Sydney, por iniciativa do seu presidente Joseph Blatter, conhecida pela designação de "6+5" - seis jogadores locais e cinco estrangeiros entre os 11 participantes em cada jogo, a última fase de um processo gradual que começaria por 5+6 e 5+5 - está a causar polémica.
Já foi divulgada uma recusa liminar pelo comissário europeu do Emprego e Assuntos Sociais, Vladimir Spidla, com a argumentação da livre circulação dos trabalhadores na CE que abrangeu os futebolistas após o processo instaurado pelo belga Bosman, com uma decisão inesperada do Tribunal Europeu de Bruxelas que revolucionou o futebol.
No entanto, lembra o comissário, entra em vigor já na próxima época uma norma que permite às equipas participantes na Liga dos Campeões e na Taça UEFA inscrever, no mínimo, oito jogadores formados no país do clube entre os 25 do respectivo plantel. Acrescenta Vladimit Spidla que a questão ficará em aberto até 2012, altura em que se fará uma análise às suas consequências.
Na verdade, outra forma de restrição à liberdade de transferência dos jogadores, agora aceite pela Comissão Europeia, mas não sendo mais do que colocar uma "peneira" ao Sol surgido com a veredicto do caso Bosman.
Há um ano vimos o futebolista John Terry, companheiro de Ricardo Carvalho na defesa do Chelsea, abraçado ao técnico José Mourinho a chorar, depois da prematura eliminação da Liga dos Campeões.
Há dias foi possível observar a mesma cena, apenas com a mudança de um protagonista, pois no lugar do Special One estava o treinador israelita Avram Grant, na final da edição desta temporada da mesma prova.
Muita coisa se passou entre estas duas imagens, separadas no tempo por pouco mais de 365 dias, mas vividas após circunstâncias diversas e em que a elegância de atitudes nem sempre terá primado pela exemplaridade.
Avram Grant, amigo pessoal do dono do clube, terá sido um dos responsáveis pela saída de José Mourinho e, entretanto, os jornais ingleses apelidaram John Terry de traidor pelo comportamento do "capitão" perante o técnico português, atitude que gerou conflitos com outros jogadores, entre os quais Lampard e Drogba.
Enfim, histórias que ainda estão por aclarar. Certas, para já, as vicissitudes dos dois "inimigos" de Mourinho. Avram Grant, que nunca conseguiu as simpatias do balneário, foi despedido pelo amigo Abramovich, confirmando-se aquilo que há dois anos dissera o antigo técnico dos "blues", o italiano Ranieri: "Treinador que não ganhe a Liga dos Campeões é despedido pelo patrão russo". John Terry falhou um "penalty"decisivo e, por isso, está a ser vítima de uma campanha inédita entre os seus compatriotas, sucedendo-se os vídeos na Internet a ridicularizar o jogador por ter escorregado no momento decisivo.
Será que se aplica a estes casos o velho ditado português "cá se fazem, cá se pagam"?
Os portugueses apaixonados pelo futebol não param. Vividas as emoções das provas internas, terminada a legítima curiosidade em saber como se comportaram os compatriotas futebolistas e treinadores a representar os mais diversos clubes de países do Velho Continentes - sem esquecer os que se aventuraram por terras africanas, asiáticas e do Médio Oriente - só lhes restam poucos dias de descanso.
O Europeu está à porta e a alegria característica da torcida brasileira com que o técnico Felipe Scolari conseguiu contaminar os portugueses há quatro anos começa a ter os primeiros e expressivos sinais em Viseu. A hora da partida para a Suíça aproxima-se e a festa transfere-se, por enquanto, espera-se, em reduzida dimensão mas entusiástica excitação para terras helvéticas
Os outros estarão frente aos televisores, também esquecidos dos aumentos constantes dos combustíveis, das prestações das casas e dos bens alimentares que os políticos parecem não ter artes para travar.
Não é, confesso, uma boa altura para retomar um vício (escrever) que me serviu de profissão, mas será uma maneira de esquecer que as reformas, tal como os salários, não apresentam perspectivas de aceleração compatíveis com as "altas cilindradas" da inflação.
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