Não escrever qualquer post durante cerca de um mês será considerado, em especial pelos responsáveis do SAPO, autêntico sacrilégio, tanto mais que o meu compromisso obrigava a presença assídua. As desculpas a quem me concedeu este espaço e àqueles que generosamente apareciam por aqui para ver apenas mais uma opinião sobre o futebol.
Várias foram as razões deste silêncio, mas a principal, confesso, é que já não tenho paciência para aturar tanta novela sobre transferências. A luta entre dirigentes e empresários pelo tráfico de seres humanos, as notícias de hoje desmentidas amanhã, e algumas dias mais tarde confirmadas para a... equipa B. Sem falar nas palavras dos dirigentes a elogiar jogadores que nunca viram jogar, e futebolistas a endeusar clubes e treinadores de que nunca ouviram falar.
Agora que o primeiro troféu (Supertaça) da época será atribuído dentro de pouco mais de 24 horas, estamos de volta, já que o melhor do futebol é a bola a rolar nos relvados, mesmo que nem sempre se assista a bons espectáculos.
Importa precisar, no entanto, que a época já começou - três jornadas da complicada Taça da Liga realizadas - e a compra/venda de jogadores termina em Setembro. Mas a estrutura desportiva desta prova continua a ser um devaneio das entidades responsáveis pelo calendário nacional.
As críticas que se teceram quando se criou a Taça da Liga estão na lembrança de todos, aliás como aconteceu com a Liga Europa, antes de a UEFA ter alterado o modelo de disputa, com grupos a duas voltas. Em Portugal, para que a prova tivesse mais prestígio impunha-se também que permitisse acesso à actual segunda prova europeia. Assim se explica o desinteresse dos principais clubes, em especial aqueles que nos últimos têm conseguido mais espaço nas competições internacionais.
Vítor Pereira não alterou agora o discurso dos dragões por acaso, já que apenas lhes resta uma prova, em termos matemáticos, possível de ganhar, afinal a mais importante do panorama português. Só que os êxitos por vezes considerados "menores" não servem para «tapar buracos», e o
FC Porto não teve sorte nem talento para levar de vencida o Sporting de Braga na final de Coimbra.
O técnico pode alegar erros de arbitragem - apenas recorre a esse expediente nas derrotas - e argumentar com a pressão exercida sobre os minhotos durante grande parte do jogo.
Nem sempre os seus jogadores encontraram antídoto para a clarividência defensiva e irreverência atacante dos bracarenses. E, em circunstâncias normais, 45 minutos chegariam para colmatar a falta de um elemento e a desvantagem do golo.
De elogiar não se esquecer de dar os parabéns ao Braga, vencedor pela primeira vez depois do trabalho desenvolvido pelo presidente António Salvador, e simultaneamente de José Pereiro, a quem já apelidavam do Raymond Poulidor do futebol português, comparando a sua carreira à do ciclista francês, a viver sempre na sombra de Eddy Merckx e Jacques Anquetil.
Nasceu sob mau signo a Taça da Liga. Uma tentativa para atenuar aos problemas financeiros dos clubes mais modestos, através das transmissões televisivas, desde logo apresentou-se como um “fardo” para os mais poderosos.
Por outro lado, era evidente que o mercado português não tem dimensão para assegurar receitas avultadas em provas secundárias.
Com a actual crise, o problema agudizou-se, a prova deixou de ter patrocinador por decisão do Governo, e aconteceu o inevitável – o pedido de rescisão do contrato por parte da Olivedesportos, num clima de relações tensas com a Liga.
A inclusão de equipas B na II Liga contribuiu, certamente, para complicar a continuidade da prova, condenada a vida efémera, como se previa desde o seu arranque.
Os clubes principais - e os não principais - continuam a desprezar a Taça da Liga. Na maioria dos casos, os respectivos treinadores aproveitam estes jogos para testar jogadores menos rodados no campeonato e contribuem para a desvalorização do espectáculo.
Quando as coisas se complicam, recorrem a dois ou três elementos habitualmente titulares para não saírem do campo com resultados desastrosos em relação ao seu prestígio.
Tudo aconselha, portanto, a alterar o caricato regulamento da prova, no sentido de impor aos clubes rigor competitivo com a obrigação de utilizarem jogadores mais assíduos como titulares, sem impedirem a progressão dos menos utilizados, numa percentagem mais de acordo com a importância que se pretendeu conceder à Taça da Liga.
A "fantochada", desta feita protagonizada pelo FC Porto, Benfica e até Estoril Praia, este na tentativa de manter um lugar para ascender ao escalão principal, não pode continuar, sob pena de acabar com um projecto que até poderia beneficiar o futebol português.
Assim se explicam exibições pobres, inesperadas dificuldades das equipas mais cotadas e assistências reduzidas nos estádios.
Consequências ainda mais negativas surgirão a curto prazo, através do desinteresse dos anunciantes nas transmissões televisivas e, portanto, na dupla baixa de receitas.
Estão a matar uma galinha que poderia dar alguns ovos interessantes.
Christian Rodríguez anda sempre por caminhos errados. Aconteceu na Luz e já se repetiu no FC Porto, como confessou há dias. Agora resolveu dinamitar os planos dos dragões, que se estrearam na Taça da Liga apenas para oferecerem rodagem aos jogadores menos utilizados, já que a prova não é considerada prioritária para os responsáveis técnicos.
Aos dois minutos, o uruguaio colocava os portistas a ganhar. "Felizmente" que o Paços de Ferreira estabeleceu a igualdade por William à passagem do quarto de hora.
Tudo parecia correr bem para os líderes do campeonato, mas o que o treinador dissera anteriormente era bluff. Com o passar dos minutos, os pupilos de Henrique Calisto aguentaram o andamento do adversário e Vítor Pereira recorreu - não se compreende a razão! - a João Moutinho, Fernando e Hulk. O avançado brasileiro participou num lance a 20 minutos do fim, levou o árbitro a assinalar grande penalidade e não desperdiçou a oportunidade.
Mais um pesadelo para o seu treinador, agora com maior responsabilidade na época. Já se "livrara" da Taça de Portugal e ser eliminado pelo Manchester City na Liga Europa não é assim tão desprestigiante, embora corresponda a ceder um título conquistado na época passada.
Agora tem de levar com a incómoda - não apenas para o FC Porto, reconheça-se - Taça da Liga.
Anda Fernando Gomes, o novo presidente da federação, a gastar os neurónios a estudar a inclusão de equipas B na Liga de Honra. Os grandes clubes precisam de dinheiro, não de competições...
Se o poder de compra dos portugueses obriga a evitar certas despesas não prioritárias; o receio da pandemia em que se pode transformar «novamente» a Gripe A - para os laboratórios, a avaliar pelas notícias, ela já chegou em termos de euros -; se os clubes aproveitam a Taça da Liga para «dar trabalho» ao excesso de mão-de-obra (atitude de elogiar nos tempos que passam!), não se esperaria mais do que aconteceu numa noite de mais uma jornada para esquecer.
Relvados empapados, na maioria dos casos jogadores de segunda linha e espectadores ausentes das bancadas confirmaram o fracasso da competição nos termos em que está organizada.
Apenas os «pobres» ou os clubes com comportamentos frustrantes ao longo da época, estes na tentativa de salvar as aparências, proporcionam alguma dignidade a um torneio que mais tarde ou mais cedo tem o destino traçado: acabar.
A menos que os responsáveis da Liga se capacitem das realidades do tempo em que vivemos e atendam às necessidades de clubes profissionalizados, com a imposição de regras para melhorar o espectáculo e atrair os adeptos.
Os jogadores, técnicos e dirigentes do Sporting insistiram na palavra "vergonha" para qualificar a decisão de assinalar um penalty inexistente a favor do Benfica, a ditar ao recurso regulamentar - curiosamente o mesmo - para definir o vencedor da Taça da Liga.
Aquilo que consideramos mais indigno de se ver num campo de futebol não foi propriamente a "invenção" de uma falta - parte-se do princípio que foi apenas um natural erro humano, mas outros acontecimentos. Por exemplo:
1 - O longo tempo que o árbitro e um dos auxiliares perderam ao comunicarem em campo por meios sofisticados, e vários testemunhos garantirem que os dois interlocutores reconheceram não terem visto qualquer falta (pelos vistos o aparelho só atrapalha);
2 - Os repetidos gestos de Paulo Bento a insinuar que se praticara um roubo ao Sporting;
3 - As atitudes de Pedro Silva, primeiro com a "peitada" no árbitro, depois na entrega das medalhas de presença, ao recusar a sua colocação no pescoço e, pior do que isso, atirando-a para o relvado.
4 - A conhecida presunção - e estúpida ironia - de Vítor Pereira, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga, ao dizer que se dirigisse um jogo pela TV "não cometeria qualquer erro".
Espera-se que alguém saiba castigar os responsáveis por tais vergonhas, tanto os activos como os passivos, qualquer que seja o sector em que exercem funções.
Os dirigentes do FC Porto insultaram a Liga de Clubes.
Os dirigentes do FC Porto desconsideraram o Sporting.
Os drigentes do FC Porto deram aos seus jogadores um mau exemplo de desportivismo.
Os dirigentes do FC Porto defraudaram as expectativas dos amantes do bom futebol.
Os dirigentes do FC Porto enxovalharam os seus adeptos.
Os dirigentes do FC Porto foram insolentes ao propagandear a deslocação de combóio.
Os dirigentes do FC Porto ficaram sem moral para dirigir um clube de tão rico historial.
Razões?
Não chega o jogo da Taça da Liga em Alvalade?
A Taça da Liga arrasta-se penosamente entre o desinteresse dos principais clubes e a participação de outros com salários dos jogadores em atraso.
Agora, ouviram-se críticas de treinadores pelo facto da última jornada da fase de grupos, com classificações dependentes de diversos jogos, não se realizarem no mesmo dia e à mesma hora, para evitar atropelos à verdade desportiva.
Levantam o problema, já aflorado nestes comentários, da subordinação aos interesses televisivos, afinal a receita determinante da prova, enquanto a da bilheteira, talvez por isso mesmo, continua em baixos níveis. Vítor Serpa levanta esta questão na edição de A Bola, e aproveita para assinalar que há anos não se realizava na Luz um jogo ao Sol.
De lamentar que os treinadores só agora tentem assumir-se como interlocutores na forma de organizar uma competição criada apenas para satisfazer o ego dos dirigentes da Liga.
A avaliar pela realidade, não tiveram o cuidado de estudar as condições do mercado, impor a obrigação dos clubes garantirem o prestígio da prova com um mínimo de presenças de habituais titulares, assegurar uma contrapartida válida do patrocinador para assegurar proveitos aliciantes aos clubes.
A Taça da Liga nasceu apenas porque se usa em alguns países europeus. O seu nome oficial, que recusamos sempre escrever, denuncia tratar-se de uma iniciativa de fachada.
O FC Porto perde na Madeira e Jesualdo Ferreira diz que esteve vários minutos sem ver o jogo devido ao nevoeiro. Os campeões nacionais, entretanto, apresentaram uma equipa de segunda - talvez de terceira - linha.
O Sporting ganha nos últimos minutos em Vila do Conde, com um golo mal assinalado, devido à existência de um fora-de-jogo.
Desta "vibrante" jornada da Taça da Liga, apenas algumas despretensiosas reflexões.
1 - O treinador do Dragão, a avaliar pelo seu discurso, não teve possibilidades de evitar a derrota porque escasseavam condições para fazer alterações tácticas ou de estratégia que permitissem melhorar a manobra da equipa.
2 - Se alguma dúvida existia sobre a maneira como os clubes encaram a prova, o facto do FC Porto só ter apresentado em campo um dos habituais titulares torna a situação bem clara - absoluto desinteresse.
3 - A arbitragem anda numa "onda" má. Sucedem-se os erros, mesmo aqueles que não exigem o recurso a imagens de vídeo. Surgem os protestos, a disciplina é posta em causa e lá aparecem os amarelos.
Assim, o futebol português vai longe.
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