«O Benfica tem de vender e baixar a massa salarial», disse Luís Filipe Vieira em Almada.
Foi mais longe o presidente da Luz, com um discurso professoral: «Quem pensa que pode continuar a viver como até há alguns anos atrás está redondamente enganado, quem persistir nesse erro vai acabar mal. Vender, comprar menos e formar mais. Vender e baixar a massa salarial, mesmo que isso signifique sacrificar a nossa competitividade.»
Estas palavras contradizem a sua política como presidente, pelo que algo esteve errado nos últimos tempos na gestão do clube da Luz.
Há outra explicação: baralhar a concorrência.
Os casos de incumprimento salarial por parte dos clubes participantes nas Ligas profissionais continuam a aumentar. Joaquim Evangelista reuniu-se com os futebolistas do Leixões que, segundo algumas notícias, tem quatro meses e meio de ordenados em atraso.
O presidente do Sindicato do Jogadores terá prestado esclarecimentos sobre os contornos da situação e, nomeadamente, revelado os direitos dos lesados e indicado o caminho a seguir em situação tão delicada.
Os responsáveis da Liga e da entidade que representa o futebol português a nível internacional, a Federação, mantêm um silêncio, no mínimo estranho.
Também neste sector, considerado agora importante para os interesses do país devido aos últimos sucessos na Liga Europa, campeia a impunidade.
A viragem impunha-se há bastantes anos, mas quem tinha mandato para se preocupar com a progressiva falência dos clubes fazia de conta que nada de anormal se passava.
Antes do País cair em crise - porventura das mais graves da sua história - já o futebol português caminhava para o abismo, onde já estão alguns clubes, cuja história caiu ingloriamente no esquecimento.
Desde há muito pouco tempo, atendendo às dimensões do problema, algumas consciências despertaram e iniciaram tímida regulamentação para colocar um travão aos desmandos de muitos anos.
Tarde de mais, no entanto, para evitar que se sucedam notícias desagradáveis.
A Leiriasport, gestora do Estádio de Leiria, anuncia que pensa penhorar os passes dos jogadores da União, por falta de cumprimento do acordo estabelecido no início da época com o clube, que chegou a ameaçar «transferir» os jogos para Torres Novas.
O Beira-Mar anunciou há dias não ter 40 mil euros para organizar o jogo com o Benfica no Estádio Mário Duarte. À última hora, os actuais dirigentes arranjaram 279 mil euros para entregar a seus antecessores que tinham penhorado as receitas em 600 mil euros.
Agora surge a Liga a lembrar os clubes que serão punidos com a perda de três pontos se não fizerem prova, até ao dia 15 de Dezembro, do pagamento de salários aos jogadores, desde 31 de Maio a 10 de Novembro. E tornam-se mais difíceis acordos secretos, pois em alternativa a outros documentos oficiais, quem assinar em recibo sem receber, arrisca-se a dizer adeus ao dinheiro.
União de Leiria, Beira-Mar - e quantos mais? - a caminho da extinção.
Os dirigentes dos clubes profissionais transmitiram um sinal - finalmente - de alguma sensibilidade sobre a questão dos salários em atraso.
Da assembleia de Liga resultaram decisões que ficaram longe das expectativas dos mais exigentes, mas deu-se um inesperado passo, embora pequeno, no sentido de moralizar comportamentos que agitaram os últimos meses.
Será menos aceitável deixar cair a proposta dos incumpridores serem despromovidos, do que adiar as sanções mais pesadas apenas para a época 2010/2011. O argumento de conceder um período de adaptação com o objectivo de permitir a adopção de sólidas estratégias na elaboração de orçamentos será mais defensável do que penalizar os clubes faltosos com simples perda de pontos, cujas consequências desportivas podem ser nulas.
Elementar era aprovar, como aconteceu, que os prevaricadores não possam inscrever jogadores em Janeiro nem proceder à renovação de contratos, mas já se afigura uma "habilidade" contornar o problema com o diferimento dos pagamentos se houver um acordo escrito com os credores.
Em português popular dir-se-à que se deu "uma no cravo e outra na ferradura". Pensarão alguns: "Melhor do que nada!"
A Liga Profissional de Futebol chegou tardiamente à conclusão de que se torna indispensável implementar novas medidas para travar a onda de salários em atraso. As iniciativas do início desta época nada resolveram e estão a aumentar os casos de incumprimento por parte dos clubes.
De uma reunião com alguns clubes saiu um conjunto de disposições que, para se tornarem efectivas, necessitam de aprovação em assembleia geral, e o presidente da Liga considera que se não forem aceites considera "uma derrota pessoal".
Garantiu a alteração de procedimentos diferentes de fiscalização para que em Maio de 2009 os clubes com dívidas aos futebolistas não possam participar nas provas da época seguinte,
João Evangelista, líder sindical dos jogadores, aplaude a decisão, mas considera-a "corporativa" por não ter existido diálogo com os parceiros que sofrem as consequências de gestões megalómanas dos dirigentes.
A Liga deve montar um esquema de controlo que impeça ser mais uma vez "enganada" com documentos legais que não reflectem a realidade, facilmente acessível se forem exigidas declarações de todos os interessados no processo, incluindo os futebolistas.
Os futebolistas do Estrela da Amadora deram em Guimarães um exemplo de dignidade e, mais do que isso, terão mostrado o caminho para aqueles que, noutros sectores do mercado de trabalho, vivem situações críticas de salários em atraso.
Sem verem dinheiro do clube desde o início da temporada - os dois primeiros meses foram pagos pelo Fundo do Sindicato - apresentaram-se perante o Vitória com os conhecidos e limitados argumentos futebolísticos mas uma vontade indómita de remover montanhas.
Compreenderam que só gerando receitas - criem os mecanismos para garantir que não serão desviadas para outros fins - terão possibilidades de receber aquilo a que têm direito, e abdicaram há meses da greve, que acelera a ruína de qualquer empresa.
Ao presidente António Oliveira compete aproveitar os proventos do confronto com o FC Porto para cumprir com os deveres assumidos como presidente e respeitar as promessas aos jogadores.
A luta continua para os amadorenses, de maneira racional e liberta de velhos estereótipos. Aliados ao Sindicato, têm agora de acautelar o rendimento da presença na meia-final da Taça, bem vigilantes ao percurso do apelidado "euromilhões" do dirigente.
O futebol português não têm motivos de preocupação. Num País em crise, que o acréscimo na compra de prendas próprio da quadra consegue disfarçar, a Liga apenas têm conhecimento de salários em atraso no Estrela da Amadora, embora o seu presidente Hermínio Loureiro admita dificuldades noutros clubes.
Nesta fase do ano não fica mal contar uma história bonita. Só que já nem as crianças acreditam na existência do Pai Natal
O Sindicato dos Jogadores, afinal, tem espalhado o pânico sem justificação ao garantir o conhecimento de outros casos, ainda em segredo na esperança de ser possível seduzir os dirigentes prevaricadores.
Surge, entretanto, uma notícia perdida, de certeza irrelevante, a revelar que o Nelas tem salários em atraso desde Outubro, e os jogadores receberam agora 400 euros cedidos pelo Sindicato para fazer face a necessidades essenciais da época natalícia.
Assunto de somenos, pelos vistos. O Nelas não está sob a jurisdição da Liga - disputa a série C da II Divisão - e fica de fora das contas do seu presidente. O dirigente máximo da Federação, Gilberto Madaíl, tem como prioritário a organização de um Mundial em conjunto com a Espanha.
São opções...
Desde há anos surgem com frequência notícias de futebolistas com salários em atraso, e não constitui novidade estarem muitos clubes a viver quase em falência.
Dirigentes e membros da Liga sempre tiveram conhecimento da situação e, por isso, introduziram normas a impedir os clubes com débitos à Segurança Social e ao fisco de participar nas competições profissionais.
Por magia, certamente, no início de cada época a documentação apresentada provam sempre o cumprimento dessas obrigações, embora a realidade seja diferente em muitos casos, mesmo tendo em conta que os acordos de pagamento faseados validam a legalidade dos débitos. A conclusão a retirar é que os mentores dos clubes aprovaram regulamentos vulneráveis para sua defesa e agravou-se o desequilíbrio das contas.
O presidente da Liga Hermínio Loureiro veio a público, a propósito dos salários em atraso, solicitar informação das contribuições dos clubes para o Estado, a fim de avaliar a real dimensão do problema. Para já devia pressionar os membros da Liga a acabarem com a farsa das normas fáceis de contornar e aprovar outras a obrigar o progressivo e sustentado saneamento financeiro do futebol.
Continuar com "habilidades" é agravar o problema e convidar à intervenção do Estado.
Gilberto Madaíl não ficou muito confortável com o alerta de Nuno Gomes ao defender a paralisação do campeonato, como primeira resposta aos salários em atraso no Estrela da Amadora. E aprestou-se logo a esclarecer que a Federação não tem nada a ver com o assunto, pois as competições profissionais são da responsabilidade da Liga.
Neste caso, devem apresentar-se diversas questões ao presidente da Federação. Quem superintende no futebol português? Quem é filiado na UEFA? E, por esta via, está integrado na FIFA? Qual o organismo responsável pelas selecções nacionais, na qual se incluem jogadores profissionais e jovens com o estatuto de "amadores"?
Se os dirigentes que já passaram pela Liga são culpados por ainda não terem imposto aos clubes uma regulamentação que evite situações intoleráveis desde há muito conhecidas, compete à Federação, cujo órgão executivo é presidido por Gilberto Madaíl, assumir a responsabilidade por tudo o que aconteça, de bom ou de mau, no futebol português, seja amador ou profissional.
As Ligas tem um papel bem definido na estrutura do futebol e não se podem substituir às Federações junto dos organismos continentais e da FIFA. Assim sendo, Gilberto Madaíl deve estar muito preocupado e pressionar a Liga para solucionar um problema, em última instância, da jurisdição da Federação.
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