Jesualdo Ferreira avisou há dias que a perturbação directiva teria certamente consequências negativas na equipa. Se os dirigentes não se entendem e, ainda por cima, Godinho Lopes avisou que apenas alguns ordenados dos jogadores só seriam pagos depois da assembleia geral – excepto os daqueles já tem ordenados em atraso e podem rescindir contratos – não se esperaria que tivessem a serenidade necessária para encarar o compromisso com o Rio Ave.
O presidente do Sporting prestou mais um mau serviço ao clube. Na barafunda total sobressai o treinador, com um discurso sereno e realista, mesmo depos do primeiro desaire desde que entrou em Alvalade.
«Temos de melhorar algumas coisas, em particular na frente. A nossa construção vai bem até final, mas nessa zona estamos a ter problemas. Temos dificuldade na finalização e é nisso que temos de trabalhar. Conseguimos construir jogadas até à frente, ultrapassamos as linhas defensivas, mas não concretizamos. Temos de ser mais assertivos», disse Jesualdo Ferreira.
Perante outro tema respondeu: «Se a inexperiência pesou? Não quero pensar assim. Foi esta a direcção que se decidiu tomar em relação à equipa, e é nesta linha que vamos continuar a trabalhar. Este é o plantel que temos. E é com ele que temos de continuar a trabalhar.»
O treinador tem a noção das dificuldades, mas mantém objectivos europeus.
Neste ritmo, no entanto, não parece tarefa fácil.
Olhanense e Estoril foram os intervenientes na abertura da I Liga, não propriamente da época, já que o FC Porto conquistou na passada semana a Supertaça em jogo com a Académica.
Se Vítor Pereira não esteve tranquilo quase até ao apito final do encontro, altura em que o estreante colombiano Jackson Martinez marcou o tento que permitiu a quarta vitória consecutiva dos portistas na prova, o mesmo se passou com os técnicos dos algarvios e dos estorilistas.
Marco Silva começou a sonhar ao ver o Estoril em vantagem na deslocação a Olhão, mas oito minutos depois Yontcha voltou a empatar e Fernando Reis acabou com o jogo e com a pressão sobre Sérgio Conceição, que terminou da melhor forma uma semana de agitação no clube do Algarve.
Espectáculo não houve em qualquer das partidas, mas ainda se atravessa a fase das experiências. De qualquer forma, admite-se que se tenha iniciado uma temporada horribiles para mais equipas do que no passado.
"Leões sem poder de fogo na Dinamarca"
"Braga estilhaçado complica campanha europeia"
"João Paulo abriu as portas da baliza do Guimarães a Elias"
"Acabou tudo como tinha começado entre Nacional e Birmingham"
Assim titula o site Maisfutebol os jogos das equipas portuguesas na primeira eliminatória do play-off da Liga Europa. Por isso não se entende bem o optimismo da maioria dos treinadores no apuramento, incluindo os responsáveis das equipas que cederam empates a zero em casa. Ivo Vieira, Leonardo Jardim, Domingos Paciência também, embora se tivesse deslocado ao terreno do adversário, e o derrotado Manuel Machado devem estar mais que preocupados, no mínimo alarmados, e não criarem falsas expectativa nos adeptos dos respectivos emblemas.
Reconheça-se sem tibiezas. Esta jornada foi um "desastre" para o o futebol português, embora tenhamos de aceitar que alguém se vai safar. No entanto, a imagem transmitida em nada é prestigiante face às capacidades da maioria dos adversários. Para alcançar estes resultados não se torna necessário importar tantos estrangeiros.
Entrou um novo ano e interrompeu-se um ciclo de invencibilidade do FC Porto. André Villa-Boas perdeu a «virgindade» ao 27.º encontro disputado a orientar os dragões.
Na história do acontecimento ficarão registados dois nomes. O Nacional da Madeira e o seu jogador Anselmo, saído do banco dos suplentes aos 75 minutos para marcar dois golos que superaram o único tento de Hulk, também obtido tardiamente (63 m).
Desfecho que em nada altera aquilo que se tem dito sobre a capacidade da equipa portista, pois foi conseguido na Taça da Liga, competição aproveitada pelos treinadores para lançar elementos com muitas horas sentados no banco de suplentes. E, pelos vistos, com alguma razão...
Conclusão, também, de que a terceira prova do futebol português não alicia os clubes, muito por culpa do seu figurino, copiado da primeira versão da Liga Europa e que a UEFA, entretanto, já alterou.
Enquanto não houver o chamariz de apreciável quantidade de euros e uma estrutura competitiva racional, a terceira prova do calendário nunca será mais do que a Liga dos Testes.
O Sporting continua no mesmo caminho. Agora aconteceu em Sófia, no último encontro da fase de grupos da Liga Europa. Um golo ao cair da primeira parte foi suficiente para derrotar a equipa de Alvalade, nada habituada a actuar em condições climatéricas tão adversas - temperatura negativa e neve.
Paulo Sérgio, com o apuramento na prova assegurado, procedeu a várias alterações em relação ao encontro de má memória - eliminação da Taça de Portugal - em Setúbal. Gestão de esforço ou observação de jogadores menos utilizados - estiveram ausentes seis dos titulares no Bonfim - serão razões de sobra para esta opção do técnico leonino, também necessitado de fazer escolhas se acaso o clube estiver disposto a aproveitar o período de transferências do próximo mês.
Apenas um jogador ganhou com este jogo. Maniche disputou o número de partidas estabelecido em contrato para renovação automática do contrato. Todos lutaram para entrar na fase eliminatória da prova com uma vitória, mas ninguém conseguiu comportamento de relevo, tanto na manobra colectiva como no aspecto individual.
Mais uma exibição cinzenta que não augura nada de muito diferente para os próximos tempos. A única garantia é assistir-se a mais do mesmo...
A segunda montra anual do futebol europeu foi assegurada com a segunda vitória do Sporting de Braga perante os sérvios do Partizan, agora em Belgrado.
Se a presença na Liga Europa permitirá a Domingos Paciência compensar algumas desilusões a nível interno, já se afigura mais difícil concretizar a proeza do apuramento na fase de grupos da Liga dos Campeões.
Além das pesadas derrotas nas duas primeiras jornadas - no campo do Arsenal (6-0) e na visita do Shakhtar ao AXA (0-3) - aliou-se a vitória dos ucranianos na recepção a um Arsenal desfalcado das principais figuras por opção de Arsène Wenger. Experiência que os ingleses não vão repetir, certamente, na deslocação a Braga e poderá prejudicar os portugueses.
Naturalmente não terá existido nas opções do treinador francês a intenção de prejudicar os minhotos, necessitados de uma vitória para sonhar... mais alto. Agora será muito mais difícil ultrapassar um Arsenal com mais vedetas e, no último jogo, em Donetsk, ultrapassar os ucranianos.
A UEFA deveria estar atenta a estes problemas. Se é legítimo os clubes gerirem os avanços pontuais, corre-se o risco da verdade desportiva ser desvirtuada por estes expedientes. E há forma de os evitar.
O Benfica apresenta duas faces. Uma positiva - menos do que no ano passado - para consumo interno. Quando Jorge Jesus e os jogadores ultrapassam a fronteira para as competições europeias, a equipa mostra-se inibida, desinspirada, os erros sucedem-se e, com mais frequência do que se esperaria, surgem as derrotas.
O confronto com o Lyon constituiu mais um exemplo, apesar das alegações do contatempo de uma expulsão. A Jorge Jesus parece acontecer como a muitos jogadores menos experientes: ficam afectados pela diferença de ambiente e perdem a capacidade de reacção.
O treinador da Luz saiu de Lisboa cheio de ilusões - «vencer em Lyon será normal», disse - tanto mais que o ex-campeão francês em sete anos consecutivos entrou em declínio e ocupa posição modesta na actual edição da prova.
Agora, Jorge de Jesus já foi buscar a calculadora, não apenas por causa dos pontos - seis cedidos com certa surpresa em duas deslocações, - mas até já fica satisfeito por sofrer apenas dois golos.
Só ele saberá porque não pode sair do país...
O Benfica perdeu o andamento das goleadas - e o jogo - na despedida da preparação. A Eusébio Cup não ficou na Luz porque o Tottenham nunca permitiu aos encarnados engrenar a habitual quinta velocidade, fosse no período em que actuou com os jogadores mais prováveis como titulares neste início de temporada - a excepção foi Ramires, pois tudo aponta para rumar a outras paragens - nem na fase das substituições que descaracterizaram qualquer das equipas.
Jorge Jesus explicou a inesperada e um tanto «incómoda» derrota pelo cansaço dos jogadores e a necessidade de não os sobrecarregar em vésperas da Supertaça. A curiosidade reside em saber se este foi apenas um incidente do vitorioso percurso ou consequência de superior grau de oposição.
O Sporting de Braga, em termos portugueses, faz as honras na Europa ao deslocar-se à Escócia para resolver com o Celtic a continuidade na Liga dos Campeões. Os três golos de vantagem conseguidos no Axa não deslumbram Domingos Paciência e alerta para os jogadores responderem com empenho ao ambiente febril de Glasgow e esqueceram, definitivamente, a frustração da prematura eliminação da Liga Europa na época passada frente aos dinamarqueses do Elfsborg.
E hora de arregaçar as mangas...
O FC Porto perdeu em Paris o jogo de preparação com a antiga equipa de Pauleta, depois de desperdiçar várias oportunidades de marcar e consentir, no período de descontos, um golo de Traoré.
Nesta fase da época trata-se de um resultado normal, pois os técnicos procuram acertar modelos de jogo em função dos jogadores disponíveis, e em alguns casos os plantéis ainda podem sofrer alterações, por entradas e saídas. Veja-se o exemplo recente de Alvalade no que se refere à transferência de Veloso para Itália.
Os dragões poderão ter mais dificuldades em atingir a desejada e imperiosa establização, dada a mudança de treinador e o novo, André Villas-Boas, ter assumido uma ruptura com os processos do passado. O curioso é que os mais atentos observadores ainda não entenderam os objectivos do técnico, a equipa continua a apresentar-se deficitária no capítulo da finalização e o substituto de Jesualdo Ferreira continua a salientar os progressos verificados de jogo para jogo.
Quais? Alguém sabe explicar?
Jesualdo Ferreira não conseguiu arrebatar o primeiro lugar do Grupo B da Liga dos Campeões ao Chelsea. O FC Porto cedeu pela primeira vez uma derrota a uma equipa inglesa no Dragão.
Impossível dizer, portanto, que a jornada foi positiva para os portugueses. Importa não esquecer, no entanto, que o principal objectivo - o apuramento - já estava garantido e em causa estavam uma hipotética vantagem sobre a qualidade do próximo adversário e os milhões relativos à vitória.
Quanto ao resto, os campeões portugueses tiveram um comportamento positivo perante um adversário a demonstrar na Cidade Invicta a tranquilidade própria da categoria dos seus jogadores, da confiança que lhe transmite a supremacia evidenciada até ao momento na Liga inglesa e da personalidade do treinador italiano Carlo Ancelotti.
Num duelo equilibrado - talvez demasiado no meio-campo, onde faltaram espaços para jogar - os ingleses não se intranquilizaram com duas ou três oportunidades de golo criadas pelos portistas e desferiram um «golpe» a frio, através do francês Anelka, unidade influente dos ingleses.
As incidências do jogo não foram, na verdade, favoráveis ao FC Porto, razão pela qual os dois treinadores estiveram em desacordo sobre o resultado final.
O «pleno» ficou à espera de nova oportunidade. A desilusão não residiu tanto nos resultados, e foram as exibições de duas equipas a merecer mais críticas, com saliência para o jogo que proporcionou a única vitória portuguesa na segunda jornada da Liga Europa.
O Sporting marcou um golo ao Hertha de Berlim, conseguiu o primeir êxito da sua história sobre equipas germânicas em 17 confrontos, e jogadores e treinador saíram de Alvalade sob um coro de assobios pela má exibição da equipa, que ninguém contesta. Até Paulo Bento a considerou a pior da época.
O Benfica deslocou-se à Grécia com a ideia de se «vingar» da goleada do Olympiakos na época passada e saiu mal no «retrato» com o AEK. Jorge Jesus tenta amenizar a derrota com as condições do relvado e os ditames da sorte. Ficou patente, no entanto, que a «equipa das goleadas» não mostrou a inspiração e o fulgor das últimas semanas, a conduzir os adeptos a longínquos tempos de semelhantes estados de euforia. Um desaire que pode não causar prejuízos de maior na permanência em prova e tenha a virtude de alertar o técnico para as «injustiças» do futebol, sempre factor a considerar num jogo.
O Nacional teve um início promissor em Viena e Mário Machado chegou ao intervalo com a vantagem de um golo de Ruben Micael. Só que faltavam mais 45 minutos e os madeirenses
não impediram o desembaraço de um adversário chamado Schumacher. Dois pontos deixados pelo caminho, talvez com a exibição melhor conseguida do trio que apenas somou quatros pontos em nove possíveis.
Não fica nada mal descer à terra e arranjar antídotos para contrariar a descida no ranking da UEFA, durante os derradeiros anos uma bandeira sempre presente, graças ao... FC Porto.
DISCURSO DIRECTO
«Foi o pior jogo da época. O mérito da vitória é dos jogadores, o demérito da exibição é meu. Iremos à procura de convencer os sócios e simpatizantes. Mas não sou hipócrita. Não vai ser um ano fácil. Estão todos avisados, os que estão acima de mim e os jogadores que estão ao mesmo nível do que eu. Não vou desistir nem deixar que ninguém que esteja à minha volta desista» Paulo Bento (01/10/09)
«Foi um resultado injusto. Queria ganhar mas não foi possível. O Benfica tentou tudo e no fundo fez um bom jogo. Perder em Atenas não terá consequências na nossa equipa» Jorge Jesus (01/10/09)
A derrota com os suíços causou uma sensação estranha. Depois do ambiente de festa, de exaltação patriótica por parte dos emigrantes, durante vários dias na sequência dos primeiros jogos - Turquia e República Checa - o útimo confronto do grupo, embora não afectasse o apuramento dos portugueses, provocou um vazio no país futebolístico.
É certo que Scolari procedeu à esperada rotatividade com a ausência de oito habituais titulares - mais tarde confessou ter-se arrependido de não fazer uma revolução total, por razões não claramente especificadas mas que se entenderam como críticas ao comportamento do árbitro - e reconheça-se que os jogadores utilizados, embora sem grande fulgor exibicional, criaram lances que, com um pouco mais de destreza ou sorte, poderiam ter mudado o figurino do espectáculo. Mas a quebra de um ritmo vitorioso transmitiu um sinal de mau augúrio, aliás recusado pelo treinador brasileiro.
Nem o facto de Portugal ter proporcionado à Suíça a primeira vitória numa fase final do Europeu e um ambiente de festa em Basileia no dia da despedida do seu simpático técnico Jakob Khun - viveu dias angustiosos com a doença da mulher - muito aplaudido pelos adeptos e homenageado pelos jogadores, serve de compensação para os portugueses.
Quem está habituado a ganhar torna-se exigente, sem atender a sentimentalismos ou aceitar atenuantes.
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