A UEFA vai dar mais uns rebuçados para satisfazer as ambições desportivas dos clubes. O mesmo já tinha acontecido com as financeiras, embora agora tente impor um travão com o chamado fair-play nas finanças.
Dentro de duas épocas, o vencedor da Liga Europa, por exemplo, tem lugar no play-off da Liga dos Campeões da época seguinte, mas em determinadas condições até pode entrar directamente na fase de grupos.
A prova principal terá um máximo de cinco clubes por país, contra os actuais quatro. Na Liga Europa, as benesses apontam para mais clubes com acesso directo à fase de grupos.
Quer isto dizer que continua a descaracterização das provas. Aconteceu quando aumentaram o número de "campeões" por países; acabaram com a Taça das Taças; e substituíram a Taça UEFA pela Liga Europa, cujo regulamento da competição já foi alterado pelo fracasso das primeiras edições.
No futebol, não há fome que não dê em fartura em termos de jogos. No aspecto financeiro copia o capitalismo selvagem em desenfreada progressão.
«O Benfica tem de vender e baixar a massa salarial», disse Luís Filipe Vieira em Almada.
Foi mais longe o presidente da Luz, com um discurso professoral: «Quem pensa que pode continuar a viver como até há alguns anos atrás está redondamente enganado, quem persistir nesse erro vai acabar mal. Vender, comprar menos e formar mais. Vender e baixar a massa salarial, mesmo que isso signifique sacrificar a nossa competitividade.»
Estas palavras contradizem a sua política como presidente, pelo que algo esteve errado nos últimos tempos na gestão do clube da Luz.
Há outra explicação: baralhar a concorrência.
A Liga, agora sobre a direcção de Fernando Gomes, continua a mexer. Na última reunião da assembleia foram dados passos na tentativa de credibilização do futebol e, se pertence aos clubes a decisão final, importa salientar que o actual direcção tem imprimido a dinâmica indispensável para proceder a alterações esquecidas pelos anteriores dirigentes.
A penalização, entre um a três jogos à porta fechada, para clubes cujos adeptos provoquem interrupções de jogo superiores a cinco minutos; castigar declarações sobre as equipas de arbitragem desde a sua nomeação até à hora do jogo com agravamento da pena cinco vezes superior; e testar, na próxima época, um sistema de avaliação misto dos árbitros, com recurso a meios audiovisuais, foram decisões que, independentemente dos resultados, indiciam que os responsáveis da Liga não se limitam à mera gestão dos campeonatos.
Haja alguém neste país que assuma na plenitude as missões para que foi escolhido.
«Peço à FIFA que introduza imediatamente procedimentos e estruturas democráticas e transparentes, pois os clubes europeus não aceitarão por mais tempo ficar à margem dos processos de decisão sobre questões que lhes dizem respeito», avisou o antigo internacional alemão Karl-Heinz Rummenigge, presidente do Bayern de Munique e da Associação Europeia de Clubes (ECA), que prometeu ainda «acompanhar de perto os progressos da FIFA» nestes domínios e «tomar medidas caso não se verifiquem melhorias».
Joseph Blatter, consciente da contestação em torno da sua acção na entidade máxima do futebol, logo após a reeleição para o último mandato anunciou alteração profunda na escolha dos países organizadores dos futuros Mundiais. No sistema anterior, que definiu os organizadores das fases finais de 2018 (Rússia) e 2022 (Qatar), essa prerrogativa pertencia ao Comité Executiva da FIFA, mas agora a responsabilidade passa para as 208 federações que integram o congresso.
Além disso, o presidente propôs outros dois projectos que visam aumentar a transparência no seio do organismo mundial: passará a contar com um Comité de Ética com poderes reforçados, e um Comité de Soluções, cujos contornos ainda estão por definir.
O presidente reeleito demonstrou de novo excelente golpe de rins e conseguiu desviar as atenções para as recentes polémicas por graves questões detectadas no seio do organismo.
Alguém pagou por culpas próprias e alheias.
Jorge de Jesus cumpre o ciclo maldito dos treinadores: de bestial a besta. Intolerável, no entanto, a origem e o timing das críticas. A força da contestação surge de uma minoria de adeptos, mas também de dirigentes, elementos da comunicação social e fanáticos comentadores televisivos que na época passada esgotaram os adjectivos nos elogios ao trabalho do treinador.
Tão grave como isto, esta temporada analisaram a carreira da equipa em função dos resultados. Os negativos eram justificados pela saída de unidades fundamentais e de falta de adaptação dos substitutos; os positivos, se conseguidos em agradável sequência, significavam que se voltava ao passado recente e bastava dar tempo ao tempo para dizimar a concorrência.
O toque a rebate surge tardiamente e só porque foi o Braga a afastar os lisboetas da viagem a Dublin. No centro deste minúsculo tornado, Luís Filipe Vieira aparece como o mais racional na análise à situação, até porque um despedimento imediato teria importantes repercussões na tesouraria. Não perdeu tempo, já teve uma conversa com Jorge Jesus na tentativa de inventariar os erros, as consequências e eventuais soluções.
Não será de esquecer em todo este panorama o comportamento do FC Porto, graças aos reforços e ao trabalho de André Villas-Boas, com papel determinante no apoteótico final dos novos campeões.
De louvar as palavras de apoio dirigidas pelo técnico do Dragão e pelo seu antecessor no Braga, Domingos Paciência, ao companheiro de profissão.
Espera-se que ajudem Jorge Jesus a burilar exageros dos seus discursos quando as coisas não correm de feição.
Tão amigo que eles eram. Pinto da Costa disse uma vez ter pensado no treinador para substituir Jesualdo Ferreira. Depois de Jorge Jesus assumir o comando do Benfica, a admiração mútua parecia manter-se, dada a maneira cordial, até calorosa, em esporádicos encontros com o presidente do Dragão.
Pinto da Costa, no entanto, considerou ser este o momento de agitar o ambiente com vista a preparar o futuro próximo. Teceu rasgados elogios à acção de Jorge Jesus no comando dos encarnados e acentuou que não poderia fazer melhor, pois perdeu alguns futebolistas importantes no defeso.
Jorge Jesus terá cometido algumas gaffes esta temporada, ma demonstrou não ser ele o burro... Sem rodeios declarou: «Os elogios de Pinto da Costa destinam-se a dividir a família benfiquista.» E não ficou por aqui. Meteu ao barulho André Villas-Boas ao comentar: «Veremos como liga com a pressão.»
O cenário está montado. Não será de admirar que estes e mais «actores» pisem o palco.
PERGUNTA DO DIA
Pinto da Costa reagirá à acusação de Jorge Jesus?
Confirma-se o anunciado desejo de José Mourinho ter Zinedine Zidane como elemento da estrutura directiva do Real Madrid mais perto da equipa de futebol.
O presidente Florentino Peréz, o até agora seu consultor e o técnico estiveram reunidos e a imprensa espanhola adianta que o ex-futebolista francês já estará ao lado do português na próxima deslocação a Itália para a Liga dos Campeões.
Ainda não saltou dos bastidores a razão por que Jorge Valdano ficará mais afastado de José Mourinho. Há anos houve um desentendimento entre os dois, e o argentino apressou-se recentemente a considerar o caso sanado, mas esta alteração nas funções de Zidane - tem-se multiplicado nos últimos meses em elogios ao técnico português - não era previsível a curto prazo.
Resta saber se resultou de uma condição imposta por Mourinho ou a constatação do presidente que as personalidades deste e de Valdano se chocavam e podiam prejudicar o clube.
Os conhecedores dos meandros de Santiago Bernabéu, mais recentemente o ex-treinador Manuel Pellegrini, não escondem que o El Especial não terá vida fácil em Madrid.
A recente alteração das funções de Zidane, com o consequente afastamento do braço direito do presidente de contacto mais institucional com José Mourinho poderá constituir o primeiro sinal de nova frente de batalha, embora de diferentes contornos da verificada durante a sua permanência em Itália.
O actual modelo da Taça UEFA nasceu defeituoso e estava condenado ao fracasso. Os dirigentes do organismo europeu só ficaram convencidos quando se aperceberam da queda das receitas, de bilheteira e dos sponsors.
Conhecem-se já os novos moldes da prova, copiados da Liga dos Campeões, apenas com ajustamentos devido ao número de clubes, a obrigar à realização de 205 jogos.
A UEFA Europa League - assim se chamará a "nova" competição a partir de 2009/10 - começará com quatro pré-eliminatórias, para incorporar os lugares da extinta Intertoto.
Seguir-se-à uma fase de 12 grupos de quatro equipas, disputada como a prova dos Campeões. São apurados dois clubes de cada grupo, e ao total de 28 juntam-se os oito terceiros da competição principal.
A partir desta altura, os 32 clubes sobreviventes disputam eliminatórias, em dois jogos, às quintas-feiras, ou às quartas quando não se disputar a outra competição.
A crise atingira a Taça UEFA e Michel Platini e colegas trataram de fazer uma operação de cosmética baseada nos Campeões para atrair a atenção de patrocinadores e adeptos.
Os dirigentes da Liga Portuguesa também deverão fazer o mesmo em relação à Taça da Liga, distorcida em termos competitivos e, por tal, sem prestígio.
académica(19)
adeus(12)
alterações(8)
alvalade(25)
apuramento(17)
arbitragem(26)
arsenal(8)
barcelona(25)
belenenses(12)
benfica(196)
bento(13)
blatter(9)
braga(101)
brasil(12)
campeão(11)
campeões(36)
carvalhal(8)
castigo(8)
chelsea(11)
clubes(16)
costinha(11)
cr7(16)
crise(22)
cristiano(12)
demissão(8)
derrota(12)
desilusão(18)
desporto(16)
diferenças(8)
dirigentes(14)
dragão(29)
dragões(19)
eleições(12)
empate(15)
espanha(22)
espectáculo(11)
estoril(15)
estreia(9)
europa(39)
fc porto(116)
fcporto(17)
fifa(16)
final(9)
fpf(8)
futebol(840)
gil vicente(9)
goleada(20)
guimarães(30)
inglaterra(10)
inter(17)
itália(9)
jesualdo(15)
jesus(29)
jogadores(8)
jorge jesus(15)
jornalistas(8)
leixões(9)
leões(16)
liedson(10)
liga(43)
luz(15)
madrid(24)
manchester(11)
marítimo(14)
messi(8)
milhões(8)
mourinho(73)
mundial(17)
nacional(9)
nani(9)
olhanense(9)
pacenses(11)
paciência(12)
paulo bento(16)
pinto da costa(12)
platini(9)
portugal(25)
presidente(13)
queirós(20)
real madrid(10)
regresso(12)
salários(9)
salvador(14)
selecção(81)
setúbal(10)
sofrimento(16)
sporting(189)
surpresa(31)
surpresas(9)
taça(19)
taça da liga(10)
transferências(10)
treinador(25)
treinadores(17)
uefa(25)