Um estudo efectuado pelo Instituto Português de Administração e Marketing sobre as assistências aos jogos da I Liga na época agora finda concluiu que metade dos estádios ficou às moscas.
Razão mais do que suficiente para justificar o acerto da Federação ao impedir o alargamento da prova, a peregrina ideia de Mário Figueiredo para garantir o lugar de presidente do organismo que zela - ou melhor, deveria zelar - pelo estabilidade desportiva e financeira do futebol profissional.
A organização do Europeu 2004, com a construção de demasiados estádios e em regiões onde era evidente que não teriam sustentabilidade depois de terminada a prova, foi um erro que deveria evitar-se, caso os responsáveis atendessem às realidades do País.
O sofrimento dos portugueses seria porventura menor nos actuais tempos de crise.
A Europa teve uma temporada fora do habitual. Os candidatos às principais vitórias em diversos países não concretizaram os objectivos e saltaram para a ribalta estreantes e outros clubes com tradições sequiosos de troféus.
O caso do Montpellier foi surpreendente, já que os novos campeões franceses não se incluíam entre os favoritos, tanto mais que nunca viveram essa alegria desde a fundação (1974).
Da Inglaterra também surgiram novidades. O Manchester City, que jejuava há 44 anos - tinha apenas dois títulos em longo histórial - aguentou até ao último momento a pressão do rival da cidade, o United de Alex Fergusson, e enriqueceu o seu palmarés e o do técnico italiano Roberto Mancini.
A hegemonia do Barcelona nos últimos quatro anos foi quebrada pelo regresso do Real Madrid ao topo, êxito celebrado por alguns jogadores portugueses ao dispor de José Mourinho que, por sua vez, concretizou a ambição de ser campeão em quatro países diferentes.
Há uma semana, a Juventus voltou à ribalta na Itália depois de lhe ser retirado um campeonato e descido de divisão por "negócios escuros". Regressado ao lote dos grandes, superiorizou-se agora aos rivais Inter e Milan, com precioso contributo do genial veterano Del Piero, muitas vezes contestado pelos adeptos, finalmente rendidos à sua classe no momento de colocar ponto final na carreira.
O Chelsea atingiu o estatuto da vedeta na época menos esperada desde que José Mourinho "deu" dois títulos de Inglaterra a Abramovich, ao conquistar pela primeira vez a Liga dos Campeões. Afastou o Barcelona e, no desempate por grandes penalidades, decidiu a seu favor a final com o Bayern em plena Allianza Arena de Munique.
O futuro promete se a UEFA conseguir impor a regra do fair-play financeiro.
Quatro minutos foram suficientes para a Académica repetir uma proeza que conseguira há 73 anos na primeira edição da Taça de Portugal.
Não chegaram 86 minutos para o Sporting anular esse remate fulminante do estudante Marinho e atenuar todas as penas de uma época.
Independentemente das mais variadas explicações tácticas que se possam fazer, dois factos são de assinalar.
Os jogadores liderados por Pedro Emanuel, ao assegurarem a permanência na Liga na última jornada, recuperaram qualidades que se esfumaram durante muito tempo após um início de época positivo.
O "coração do leão" de Sá Pinto teve novo colapso depois da eliminação na Liga Europa, agora de maneira mais acentuada. A reanimação vai ser muito difícil. A estrutura do clube, depois de tantas promessas e nova época completamente perdida, tem os alicerces directivos demasiado minados. A solução será, porventura, começar de novo.
P.S. - As minhas andanças profissionais deram-me a honra de ter durante anos, a partir de meados da década de 60, como amigo um médico apaixonado pelo desporto, antigo praticante de natação e futebol.
Na hora da segunda vitória da Briosa na Taça não posso deixar aqui uma referência ao saudoso José Maria Antunes, elemento da equipa da Académica de Coimbra vencedora da prova em 1939, nas Salésias - também derrotara o Sporting numa das eliminatórias.
Algumas noites falamos da sua carreira desportiva nos habituais convívios na lisboeta Pastelaria Mexicana (passe a publicidade), já que esteve sempre ligado ao futebol, sendo três vezes seleccionador nacional (57/60, 62/64 e 68/69).
Quem tanto amava a Académica gostaria de ter vivido este momento.
Não resisto, portanto, a lembrar um dos protagonistas da vitória de há 73 anos (reconhecível nas fotos pelo lenço branco à volta da cabeça), o amigo, o homem bom e o emérito médico, cuja paixão pelo trabalho no Sanatório do Barro (Torres Vedras) testemunhei diversas vezes.
O Athletic de Bilbau, depois da eliminar o Sporting das meias-finais da Liga Europa, já se encontra em Bucareste para enfrentar no jogo decisivo os compatriotas do Atlético de Madrid.
A referência a esta final da segunda prova da UEFA reporta-se a um questão alheia ao que pode acontecer no National Arena da capital da Roménia, relacionada com a personalidade de Marcelo Bielsa, treinador dos bilbaínos. O argentino, ao tomar conhecimento de que ficaria instalado num quarto presidencial ao preço de mil euros por noite, recusou ocupar as instalações e fez questão de ser alojado nas mesmas condições dos outros elementos do sector técnico.
Bielsa já demonstrara, por atitudes em Alvalade e conversas antes e depois dos dois jogos com os portugueses, ter uma concepção da vida muito própria, sem vaidade e sobranceria. Agora deu mais um exemplo de acompanhar, de acordo com o seu estatuto, os esforços para reduzir as despesas do clube.
O mundo estaria melhor se tivesse seguidores noutros sectores que passam ao lado da crise.
A carreira do Benfica e algumas reacções de desagrado em relação ao presidente e ao treinador são abordadas diariamente pela comunicação social, mas a avaliar por declarações do director-geral do futebol da Luz, uma parte dos objectivos estabelecidos foram cumpridos, embora houvesse «alguns amargos de boca».
António Carraça foi peremptório, há dias, numa entrevista concedida à TV do clube: «Se o Benfica prosseguir neste caminho, com a mesma filosofia e o mesmo projecto de reforço da sua imagem nacional e internacional, poderá competir pela conquista da Liga dos Campeões num curto período de tempo», apesar dos «orçamentos díspares entre o Benfica e os "monstros’" de Espanha, Itália e Inglaterra».
Confiança no presidente, no técnico e nos jogadores não poderia faltar no discurso do director-geral, para quem os problemas se centraram nos árbitros, que passaram a ter «critérios distintos para situações idênticas» em prejuízo do Benfica.
Como seria de esperar, houve outros elementos exteriores ao clube responsáveis pelo falhanço do título. António Carraça contesta as acusações de falta de apoio a Jorge Jesus, que «não fazem sentido» e apenas se justificam porque a comunicação social «necessita de polémicas, conflitos, guerrilhas, para vender jornais e revistas e abrir telejornais».
Só faltava esta velha desculpa!
Garantido na jornada passada com o empate do Benfica em Vila do Conde, o título do FC Porto foi festejado segunda vez, agora com o aliciante da entrega do troféu no escaldante ambiente do Dragão.
Cerimónia que antecedeu um encontro em que valeu ao treinador campeão Vítor Pereira os azares de Sá Pinto - expulsões de Onyeou e Polga, este ao provocar um penalty sobre James - e o poderoso Hulk, marcador da falta e, mais tarde, autor de um remate indefensável.
O técnico do Dragão disse ter assistido a um belo jogo, certamente a referir-se ao rendimento leonino durante a primeira parte, pois os portistas voltaram a ter dificuldades em termos ofensivos. Razão que explica o facto do primeiro golo ter surgido apenas ao 80.º minuto.
O Sporting hipotecou a remota possibilidade de chegar ao terceiro lugar, aquele na próxima temporada permite o acesso à pré-eliminatória da Liga dos Campeões, e terá de contentar-se com a Liga Europa.
O Braga viu-se aflito para garantir já aquela honrosa posição, pois os aveirenses apenas consentiram um golo de Custódio (56 m) no AXA, numa intervenção menos feliz do guarda-redes.
O Benfica teve a visita da "remendada" União de Leiria e apenas conseguiu um golo por Bruno César (21 m) para garantir o lugar imediato ao campeão.
Muito pouco para os adeptos, a denunciarem impaciência com os responsáveis do clube, através de vaias ao presidente e lenços brancos dirigidos ao treinador.
Quem anda nas andanças do futebol sabe que a medalha tem duas faces. O reverso é sempre menos agradável e pode pecar por alguma injustiça.
João Bartolomeu, presidente da SAD da União de Leiria, depois de todo o dia garantir que a equipa deixava de competir na I Liga e não defrontaria o Benfica, anunciou ao fim da tarde precisamente o contrário. «Vamos estar presentes no Estádio da Luz. A União de Leiria vai continuar com o futebol profissional», afirmou em Fátima, após reunião com o técnico José Dominguez.
Aliás, o presidente do clube Mário Cruz, também confirmara a intenção de desistência: «Não há qualquer hipótese de volte-face. O jogo é amanhã (sábado), os jogadores tiveram conhecimento do apelo de João Bartolomeu, ponderaram e não voltaram. Com os juniores, não vamos à Luz, não há condições para isso.»
Quem manda, afinal, na União de Leiria? Quem permite que gente desta tenha capacidade para dirigir clubes e SAD's que devem meses de salários aos jogadores?
Responda quem sabe e... quem deve!
Os clubes profissionais - os falidos ou aqueles que ainda conseguem crédito, seja de bancos, empresas cuja matéria-prima são os jogadores, ou milionários com participações no valor dos passes - voltam à carga.
Em nova assembleia da Liga reincidiram na aprovação do aumento de clubes nos dois campeonatos e vergaram-se ao veto da FPF com a aceitação de subidas e descidas através de uma liguilla para assegurarem a entrada em vigor do novo sistema na próxima temporada.
Curioso que na agenda de trabalho da magna (para alguns) sessão não contasse o caso da União de Leiria, aquele que mais preocupa, não apenas pela situação dos jogadores sem salários, mas pelas ameaças do presidente em abandonar de imediato o campeonato e, em consequência, alterar a situação de outras equipas.
Mário Figueiredo não considera preocupante esta situação, melhor dizendo, chantagem. Importante é cumprir a todo o custo a leviana promessa que o conduziu a um lugar que nunca deveria ocupar.
Querem mais? O setubalense Mourinho não é homem para desistir.
Neste período da minha vida, escrever não é trabalho. A própria profissão de jornalista, tal como tantas outras, obrigou-me - não a entidade patronal - a comparecer no jornal várias vezes no 1.º de Maio, pois a missão de informar é obrigatória e necessária em democracia, regulada por normas que concedam a possibilidade de escolha entre a ausência ou comparência, neste caso com a salvaguarda de direitos laborais.
Num blog dedicado ao futebol não será muito adequado entrar por outros caminhos, mas tudo o que se passou neste dia é inacreditável para não ficar registado nestas notas.
Apenas uma vez na minha vida assisti em Lisboa a comemorações genuínas do dia do trabalhador, graças ao espírito reinante no 25 de Abril de 1974. Poucos dias depois da Revolução dos Cravos foi possível congregar os portugueses de todas as classes sociais numa jornada de festa, solidariedade, enfim, de plena felicidade. Que saudades!
Com o passar dos anos, perdeu-se esse espírto, mas este dia sagrado do trabalhador de 2012 ficará marcado por actos jamais imagináveis. A falta de vergonha foi comum a políticos, empresários e compradores gananciosos. A horda que invadiu determinado supermercado não era composta pelos cidadãos mais penalizados por um Governo cego aos sacrifícios; os pobres não tinham 100 euros para fazer semelhantes figuras.
Com esta mentalidade, os portugueses serão sempre marionetas dos poderosos - políticos e patrões.
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