Análise das questões do desporto e, em especial do futebol, feita por António Castro, agora mais distante dos centros de decisão, ao contrário do que aconteceu durante 40 anos ao serviço do extinto «Mundo Desportivo» e do «Diário de Notícias»
Quarta-feira, 30 de Junho de 2010
Camisola ou fato de treino pequenos?

Horas antes da selecção abandonar a África do Sul, foram lançadas muitas achas para a fogueira onde crepitam as desilusões dos portugueses. Carlos Queirós resolveu dar um murro na mesa a avisar todos aqueles que, no seu entender, tiveram comportamento menos de acordo com as respectivas responsabilidades no grupo de trabalho.

Cristiano Ronaldo foi, desde logo, o primeiro alvo por se recusar a comentar a derrota frente à Espanha e endereçar para o seleccionador explicações do insucesso.  Reconheça-se, desde já, que a condição de capitão obrigava o jogador a atender os jornalistas e, por outro lado, o teor do comunicado da Gestufe é baseado em argumentos mais adequados a uma criança...

Carlos Queirós, por outro lado, mostrou uma crispação que em nada abona um bom condutor de homens. Quem aconselha aqueles que consideram pequena a camisola da selecção a sair, está a esquecer que muitos portugueses - e não são apenas treinadores de bancada - entende que o fato de seleccionador lhe está demasiado curto.

 



publicado por António Castro às 23:55
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Terça-feira, 29 de Junho de 2010
Obrigado Queirós, mas já chega

Quando ninguém acreditava que Portugal conseguisse a qualificação para a fase final do Mundial, Carlos Queirós conseguiu que a selecção assegurasse um lugar entre aquelas que poderiam estar na África do Sul através do play-off.

Muitos desconfiavam que essa hipótese fosse aproveitada, mas os portista Bruno Alves e Raul Meireles abriram o caminho para a fase final, e algum crédito, como é natural, também pertenceu a Carlos Queirós.

Depois do empate - e exibição receosa - frente à Costa do Marfim, e tínhamos como últimos adversários os brasileiros, foi uma surpresa os sete golos apontados à Coreia do Norte, a permitir intensa luz de qualificação no fundo do túnel, fruto de radical alteração de processos e mentalidade transmitida à equipa por Carlos Queirós.

Até que chegou o jogo com os campeões europeus e o seleccionador menosprezou frequentes fragilidades da sua equipa e, além de admitir uma vitória sobre a Espanha, sonhava acordado com o título mundial.

Logo o primeiro transformou-se em pesadelo. Se na primeira parte a selecção portuguesa ainda mostrou dignidade, embora com alguns jogadores a actuarem fora dos seus lugares, as alterações que Carlos Queirós introduziu após o intervalo foram catastróficas. E uma equipa colocada no topo do ranking da FIFA deu lugar a um conjunto isento de ideias e deficitário de acções ofensivas consistentes.

Obrigado Carlos Queirós por tudo o que conseguiu, incluindo os títulos mundiais de jovens conquistados pela geração de ouro, mas já chega de construir um futuro de miragens.

É só uma questão de coragem.

 



publicado por António Castro às 23:55
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Só agora?

Carlos Queirós levantou, na véspera do encontro com a Espanha, uma questão que se verificou nos últimos três jogos (Costa do Marfim, Coreia do Norte e Brasil) da  selecção portuguesa: todos foram dirigidos por árbitros hispânicos. E, na sequência de um uruguaio, um chileno e um mexicano, surgirá, no encontro desta noite com os campeões de Europa, um argentino.

De lamentar que só agora o seleccionador se refira ao assunto em público, pois teria dado possibilidades à Comissão de Arbitragem do organismo internacional de apresentar razões plausíveis para explicar as escolhas e, porventura, casos idênticos nos outros jogos da prova.

Será que tinha?

 



publicado por António Castro às 03:28
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Brasil e Holanda mandam dois para casa

Holanda e Brasil cumpriram a «obrigação» e passaram com relativa facilidade aos quartos-de-final e, felizmente, não se repetiram as vertigens que afectaram dois árbitros nos anteriores dois jogos dos «oitavos».

A Eslováquia mostrou menos inspiração que na fase de grupos. Teve pela frente uma equipa reforçada com o regresso Arjen Robben, a desestabilizar a defesa dos europeus. Marcou o primeiro golo e assistiu para o segundo de Sneijder, dispensa do Real Madrid que constribuiu decisivamente para a felicidade de José Mourinho no Inter.

Dunga procedeu a alterações que concederam maior velocidade à habitual manobra e abalou a solidez defensiva e certo expediente atacante revelados pelos chilenos em jogos anteriores. Além disso, os toques de magia de alguns canarinhos estabeleceram a diferença, através dos golos de Juan (defesa), Fabiano e Robinho, este considerado o melhor jogador em campo.

Selecções que na primeira fase da prova revelaram sensíveis progressos, estão agora a perder o elã. Começa a duvidar-se da hipótese de se registarem surpresas entre os finalistas.

 

 



publicado por António Castro às 02:30
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Segunda-feira, 28 de Junho de 2010
Arbitragem tornou-se vedeta

Os árbitros Jorge Larrionda (Uruguai) e Roberto Rosseti (Itália) constituiram-se em figuras centrais de dois dos encontros dos oitavos-de-final: Alemanha-Inglaterra e Argentina-México. Quando assim acontece, o futebol não sai prestigiado, por existirem sempre argumentos - muitas vezes pouco consistentes - para colocar em causa a verdade desportiva.

Um golo inacreditavelmente anulado ao inglês Lampard, que permitia à equipa de Fabio Capello anular a desvantagem de dois golos consentida nos primeiros 32 minutos. Além disso permitia conjecturar sobre a hipótese da Inglaterra inverter a tendência do jogo e travar o espectáculo até então oferecido pelos alemães.

Deve reconhecer-se que esta possibilidade sempre se apresentou remota, pois a Alemanha, antes e depois daquele lance, provou ser superior em todos os aspectos. Se foi errado - insólito, até, dada a clareza do lance  - o facto do árbitro e auxiliar terem feito vista grossa ao trajecto da bola, seria injusto qualquer resultado que não fosse o apuramento dos germânicos.

A discussão, no entanto, deve continuar, não apenas para os responsáveis do futebol abdicarem de conceitos velhos de mais de um século, e porque este caso trouxe à memória o que se passou na final do Mundial de Inglaterra (1996), nessa altura supostamente a favor dos britânicos.

A Argentina, próxima adversária da Alemanha, continua imparável e a vitória sobre o México não deve ser contestada. Um senão importante: a cavalgada dos comandados de Diego Maradona começou com um golo em fora-de-jogo de Tévez, lance que até se viu no ecrã gigante do estádio, exibição impedida pela própria FIFA. Facto que deixou em maus lençóis o árbitro italiano. A avaliar pelas imagens televisivas, ele e o auxiliar aperceberam-se do facto mas não podiam servir-se daquele meio para alterar a decisão.

Todos fazem votos para que esta triste jornada arbitral não se repita, e os  desfechos dos jogos Holanda-Eslováquia (15.00) e Brasil-Chile (19,30) não sejam marcados por suspeições de qualquer espécie.



publicado por António Castro às 09:00
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Domingo, 27 de Junho de 2010
Áfri...Gana

Será excessivo considerar uma surpresa o apuramento do Gana, mas os Estados Unidos não estavam condenados a abandonar já o Mundial. Os africanos acabaram por ser os heróis da jornada parcial dos oitavos-de-final, tornando-se na terceira selecção do continente a atingir a eliminatória seguinte. Camarões (Itália 90) e Senegal (Coreia/Japão 2002) foram eliminados no prolongamento dos quartos-de-final.

Os ganeses também não conseguiram decidir o duelo com os norte-americanos no tempo regulamentar, pois um penalty de Donovan (62 m) respondeu ao tento de Boateng marcado muito cedo (5 m).

Aos três minutos do tempo extra Gyan resolveu a eliminatória, já que os jogadores dos Estados Unidos fraquejaram no aspecto físico e nunca mais conseguiram ameaçar com evidente perigo as redes do surpreendente adversário.

O treinador Milovan Rajevac, que já pedira o apoio de todos os africanos para a sua selecção, exultou com a façanha, afinal uma compensação para a desilusão da equipa do país natal, a Sérvia.

Oscar Tabarez justificou a vitória do Uruguai sobre a Coreia do Sul pela «classe e carácter» dos jogadores. Se os coreanos se mostraram menos velozes e eficazes do que em jogos anteriores, também foi evidente que os sul-americanos «adormeceram» após o primeiro e excelente golo de Luiz Suárez (8 m). Viveram-se 60 minutos de monotonia, e de teimosia, empenho e fraca inspiração dos coreanos, mas suficiente para chegar à igualdade (Lee C).

Tocou a rebate nas hostes sul-americanas e um pouco mais de velocidade e menos comodismo de Fórlan permitiram o bis de Suárez (80m ). Situação que devem evitar com Gana, sob pena de ficarem disponíveis em 2 de Julho para regressar à América do Sul.

Alemanha-Inglaterra e Argentina-México é o menu do dia. Dir-se-à que o confronto entre europeus constituiu o prato principal, e o outro a sobremesa. Quem terá de pagar a conta?



publicado por António Castro às 09:00
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Sábado, 26 de Junho de 2010
Destino estava traçado

Portugal empata com Brasil e fica na posição secundária do grupo. Espanha derrota Chile e assume liderança. Está decidido: duelo ibérico será um dos motivos de interesse dos oitavos-de-final.

Carlos Queirós sempre assumiu, mesmo nos piores momentos, que pretendia ser campeão do mundo. Os espanhóis, depois da conquista do Europeu de há dois anos, consideram quase como obrigatório suceder à Itália, cujas exibições escandalosas deixaram vazio o lugar no pódio.

Na jornada que decidiu aquele emparceiramento não se vislumbraram, em qualquer das selecções, argumentos suficientes para aspirara a voos tão altos. Portugal, é certo, tinha pela frente um adversário chamado Brasil; a Espanha derimiu com os chilenos a posição no grupo, mas a pensar nas dificuldades que as Honduras poderiam sentir para travar os suíços.

Dunga e Carlos Queirós resolveram fazer alterações nos respectivos «onzes» e, naturalmente, os expedientes não contribuíram para enriquecer o espectáculo. Pelo contrário, ficou mais pobre, não pela atitude cautelosa dos portugueses, como acusa o treinador brasileiro, mas pela reacção, por vezes a roçar a violência, dos brasileiros ao grau de oposição do adversário.

E se alguma coisa foi diferente depois do intervalo, ficou mais a dever-se às mudanças de Carlos Queirós do que a progressos na maneira de jogar das «estrelas» canarinhas.

Enfim, o desafio que terá criado a maior expectativa da fase de grupos foi um flop, e a responsabilidades deve ser repartida pelos dois conjuntos.

A Espanha, embora espicaçada no seu brio pela anterior derrota com a Suíça, também esteve longe do seu melhor, apesar da vantagem de dois golos e da expulsão do chileno de Estrada quando ainda se estava a sete minutos do intervalo. O golo de Millar acabou por afectar a produção de jogo da equipa de Vicente del Bosque.

Talvez por isso - ou na tentativa de começar a jogar em termos psicológicos -, o treinador espanhol diz-se preocupado com o parceiro ibérico.

 

 

    



publicado por António Castro às 08:00
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Sexta-feira, 25 de Junho de 2010
Portugal ajusta contas

Chegou a hora dos portugueses. Depois da goleada à Coreia do Norte aproxima-se a hora da verdade. A selecção de Carlos Queirós tem em mãos o trunfo dos nove golos de vantagem sobre a Costa do Marfim, mas não os pode esbanjar no confronto directo com o Brasil em conjunto com os tentos que Drogba e companhia possa marcar aos coreanos.

Razão para admitir que não basta controlar a marcha do marcador nos dois jogos, mas pensar apenas na partida de Durban e aproveitar para pressionar a equipa orientada por Dunga que, além de não contar, por castigo, com Kaká, se admite possa fazer gestão de esforço de alguns jogadores.

Conclusão, Portugal tem de repetir os indicadores positivos do último jogo, embora consciente que está perante um eterno candidato ao título que, mesmo tranquilo na circunstância, não gosta de perder nem a feijões.

Espera-se que Carlos Queirós seja realista e, ao mesmo tempo, audaz quanto baste para não se estar apenas dependente dos golos que possam surgir em Nelspruit, tanto mais que Sven-Goran Eriksson quer mostrar trabalho.



publicado por António Castro às 08:00
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Itália também no pelourinho

A Itália sucedeu à França. A campeã do mundo em título, equipa orientada por um dos mais conceituados técnicos transalpinos, não resistiu à mediana selecção da Eslováquia e abandona a África do Sul sem honra nem glória. Deixou-se atrasar dois golos no marcador, e sempre que minorou a desvantagem o adversário recolocou a diferença. Os últimos minutos foram de alta tensão, pois os comandados de Marcelo Lippi fizeram um forcing, que pecou por tardio e não evitou o impensável.

O técnico teve momentos do jogo em que a sua face revelava conformismo e, talvez devido a esse sentimento, assumiu por inteiro o colapso na prova e, em especial, no relvado de Joanesburgo. Realmente, não é caso para menos num grupo composta pelo Paraguai, Eslováquia e Nova Zelândia assegurar apenas dois pontos. Um deles com o Paraguai, o vencedor tranquilo do Grupo (5 pontos) e que se ficou por um empate sem golos perante a Nova Zelândia.

Curioso o facto de mais uma selecção europeia ser afastada. A Dinamarca, adversária dos portugueses na fase de qualificação, não resistiu aos japoneses, uma das revelações do Mundial. Um derrota que desiludiu o técnico nórdico Morten Olsen num jogo em que dois dos três golos dos nipónicos foram marcados de livre directo, coisa que não acontecia há 40 anos em fase finais.

Na sequência de mais uma jornada negra para um favorito, um novo emparceiramento nos oitavos-de-final será o seguinte: Holanda-Eslováquia e Japão-Paraguai.

Boas razões tivemos no anterior blogue para não arriscar. Como já acentuamos há dias, começa a verificar-se uma nova ordem no futebol mundial. 

 



publicado por António Castro às 04:00
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Quinta-feira, 24 de Junho de 2010
Gana sobrevive em África

A calma regressou ao Mundial, após a agitação provocada pelos franceses. Situação que, aliás, promete continuar em terras gaulesas, para onde viajou Thiery Henry, convocado de urgência pelo Presidente Nicolas Sarkozy para analisar a situação inicialmente provocado por Anelka, a que se seguiram interessantes episódios. Como este, por exemplo, dos elementos da comitiva terem regressado ao local de estágio na África do Sul como simples figurantes. Uma «diabrura» presidencial feita a todos os responsáveis da FFF.

Em termos de resultados desportivos, a quarta-feira não ofereceu especiais supresas, apesar de certo suspense em alguns jogos e apuramentos quase em cima do apito final do árbitro.

Fabio Capello, há dias contestado por alguns jogadores - o «inefável» Terry, depois das críticas, colocou-se, como sempre, ao lado do mais forte -, não esteve sempre tranquilo apesar do golo da vitória aparecer cedo (23 m) por Defoel. O rendimento da equipa, no entanto, deixou-o  mais satisfeito. O adversário da próxima eliminatória não terá sido o ideal para uma Inglaterra irregular, embora os alemães só graças a um golo de Ozil (60 m) conseguissem  superiorizar-se ao Gana. Mesmo assim, é a única selecção africana já apurada para os oitavos-de- final e para quem o seu treinador sérvio Milovan Rajevic solicitou o apoio do continente.

Os Estados Unidos lideraram o grupo dos ingleses graças a um golo «fora de horas» da vedeta Donovan marcado à Argélia. As aspirações da Sérvia ficaram também comprometidas quando se deixaram surpreender pelos australianos (2-1). 

As atenções viram-se agora para o duelo Dinamarca-Japão, a ditar quem acompanha a Holanda Grupo E), e para a até agora modesta Itália. Marcelo Lippi só contabilizou dois pontos e defronta a Eslováquia (1). À mesma hora jogam Paraguai (4)-Nova Zelândia (2). Um grupo (F) totalmente em aberto, embora haja selecções a quem se pode conceder superior dose de favoritismo.

Eu já não arrisco... 



publicado por António Castro às 09:00
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Quarta-feira, 23 de Junho de 2010
«Bobo» do Mundial abandona a corte

O escândalo teve o epílogo no momento exacto. Os dirigentes da Federação, o treinador da selecção e os jogadores de França não poderiam esperar outra coisa que não fosse um regresso diferente à Europa. Os erros acumularam-se durante anos e o alerta foi dado no último jogo da qualificação europeia, quando a equipa do seleccionador - «não treinador», na opinião de Zinedine Zidane - se apurou com um golo precedido de mão (confessada) de Thiery Henry no tira-teimas com os irlandeses.

Ninguém no futebol do Hexágono acreditou neste sinal e tomou medidas para controlar o trabalho de Raymond Domenech e, em especial, conhecer a sensibilidade dos jogadores em relação ao seu suposto comandante. O sobranceria dos franceses não admite essas reflexões, mas agora não esgotam as críticas aos desmandos de alguns jogadores e do «chamado» treinador. Enfim, o comportamento na África do Sul apresenta-se como a suprema vergonha, e a «Viagem ao fundo do Inferno», como titulava o diário desportivo L'Equipe.

O conjunto da África do Sul, orientado por Carlos Alberto Parreira, foi responsável pelo último suspiro da França com uma vitória merecida (2-1), enquanto o México-Uruguai (0-1) apenas serviu para definir o primeiro classificado e a Celeste evitou encontrar nos oitavos-de-final os eternos rivais argentinos.

No outro grupo que definia apurados, a favorita Argentina não deu hipóteses à Grécia (2-0), enquanto nigerianos e coreanos do Sul lutaram por um lugar entre a elite. O empate (2-2) contemplou os asiáticos, e os nigerianos ficaram com a amargura de falhar um golo salvador nos últimos minutos.

Os ares africanos mostram-se, até ao momento, demasiado fortes para os europeus.

  



publicado por António Castro às 22:38
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Terça-feira, 22 de Junho de 2010
Praia está mais perto

Os portugueses - até os pouco apreciadores de futebol - ainda se beliscam para confirmar se estão acordados.

Uma selecção que andou meses a dar uma imagem desfocada em comparação com o que conseguira anos antes. Um equipa que teve de sujeitar-se a disputar o play-off da fase de qualificação europeia. Um conjunto de jogadores que a partir do início do estágio da Covilhã nunca transmitiu a ideia de estar em condições - físicas, técnicas e de esquema de jogo - para enfrentar as didiculdades próprias de uma competição como o Mundial. A surpresa provocada por alguns nomes surgidos entre os eleitos de Carlos Queirós, aliado ao facto de impedimentos da última hora (Nani) e recuperação duvidosa para a primeira fase (Pepe). O mau ambiente criado pelos desabafos de Deco e, posteriormente, uma «controversa» lesão. Por fim, a tímida exibição frente à Costa do Marfim, à qual faltou quase tudo que se deve exigir a uma selecção com confessadas ambições.

Convenhamos serem demasiadas pressupostos negativos para se admitir que o jogo com a Coreia do Norte, com quem o Brasil teve algumas dificuldades, acabasse em êxtase para os Navegantes.

Afinal, qual é a verdadeira face da equipa trabalhada por Carlos Queirós, ao longo dos últimos tempos? A amorfa em alguns jogos, a calculista noutros ou a que se viu na Cidade do Cabo: audaciosa, empolgante, fria em certos momentos mas de coração a escaldar na maior parte do tempo, inteligente e veloz no desdobramento meio-campo/ataque, nas desmarcações dos avançados ou na certeza dos remates.

Os coreanos ainda tiveram artes para controlar este vendaval que voltou a passar pelo do Cabo das Tormentas e apenas consentiram um golo de um tal jogador chamado Raul Meireles que nesta campanha foi o trunfo do baralho de Queirós, e deram algum trabalho ao guarda-redes Eduardo.

Depois do intervalo, com o golo de Simão Sabrosa, a inspiração dos portugueses atingiu um nível há muito ausente, a embarcação asiática abriu rombos por todos os lados e tudo se transformou na Boa Esperança. Importa, no entanto, lembrar: ainda falta chegar à praia.   



publicado por António Castro às 18:53
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Segunda-feira, 21 de Junho de 2010
Brasil em frente Marcelo Lippi sofre

O Brasil, além de fazer um «favor»a Portugal, embora se desconheça se terá o efeito desejado pela selecção de Carlos Queirós, derrotou a Costa do Marfim (3-1). Luis Fabiano voltou à condição de goleador e teve a arte de, no segundo, ludibriar por duas vezes o árbitro ao tocar duas vezes com o braço na bola. O árbitro chegou a conversar com o brasileiro, mas não terá considerado intencional o gesto - em qual das infracções? - lapso que, no entanto, não evitou duras críticas de Dunga. O treinador queixou-se, com certa razão, da dureza dos marfinenses, mas não terá tanta razão em contestar a expulsão de Kaká. o jogador usou o cotovelo contra o peito de um adversário, só que este também merecia ser punido, pois fez teatro levando as mãos à cara como prova da falta.

Menos tranquilo encontra-se o responsável transalpino, pois a squadra azzurra não conseguiu levar de vencida a Nova Zelândia (na cauda do ranking da FIFA), e só uma grande penalidade apontada por Iaquinta anulou o golo de Smeltz (7 m). Ainda nada está decidido, mas muito complicado para os campeões do mundo na hora da despedida de Marcelo Lippi da selecção italiana.

Agora, compete aos portugueses desempenhar o seu papel, a partir do meio dia, na segunda vez que encontra a Coreia do Norte, naturalmente mais experiente do que há 44 anos, enquanto Eusébio só está presente como um símbolo do nosso futebol e, eventualmente, fonte de maior inspiração para os actuais futebolistas, demasiados inibidos perante a equipa de Drogba.

«Tudo ou nada», reconhece Carlos Queirós, num jogo de «mata-mata» como diria Luiz Felipe Scolari.

Desde já as minhas desculpas a quem não gostar da comparação.



publicado por António Castro às 08:00
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Domingo, 20 de Junho de 2010
Holanda cumpre e França causa escândalo

Os apurados para os oitavos-de-final do Campeonato do Mundo começam a ser conhecidos. A primeira selecção a garantir o mínimo que todas ambicionam foi a da Holanda, apesar da tangencial vitória sobre o Japão e exibição de qualidade bem inferior à do primeiro confronto com os dinamarqueses. Entretanto, o êxito dos vikings sobre os Camarões acabou com as ilusões de Eto’o e compatriotas, que ficaram muito abaixo das expectativas.

O Ghana, na sequência do empate arrancado à Austrália, tem um ponto a mais que os alemães, coisa impensável ainda há poucos dias, e baralharam as contas do grupo.

Aliás, a confiança com que muitos treinadores e jogadores fizeram a viagem para a África do Sul está a ser minada por dúvidas e receios, tal a «desordem» instalada no seio de algumas comitivas.

Os franceses estão a a oferecer uma imagem degradante do comportamento de dirigentes, jogadores e treinador. Aliás, não surpreende esta situação quando, após a eliminação da França no Mundial de 2006, o treinador Raymond Domenech, já muito contestado durante a prova, começou a sua intervenção sobre a derrota com o pedido público de casamento à sua companheira.

Perante a atitude de Anelka, os dirigentes da FPF não se podem limitar à exclusão do jogador do Chelsea. Devem acompanhar um dos seus companheiros, já demissionário, e deixar o lugar a outros.

 

 

 



publicado por António Castro às 14:00
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Sábado, 19 de Junho de 2010
África cria nova ordem

O frio da África do Sul está a arrepiar a maioria das selecções consideradas, há semanas, como mais apetrechadas a participar nos oitavos-de-final. Depois das surpresas dos últimos dias aconteceram mais três resultados que estavam fora das expectativas.

Escolher o desfecho mais surpreendente será difícil entre a derrota da Alemanha - apontada a partir do primeiro jogo como a favorita das favoritas -, perante a Sérvia (1-0) ou o empate da Inglaterra de Fábio Capello com os argelinos (0-0). Para o fim deixamos o Eslovénia-Estados Unidos, no qual aconteceu o oitavo empate (2-2) dos 23 encontros já disputados, praticamente um terço.

Cada jogo teve a sua história e algumas das selecções apresentaram factores adversos para justificar os resultados, desde a falta de sorte a erros de arbitragem.

Os alemães tiverem um jogador expulso (Klose) e uma grande penalidade falhada (Podolski). A Eslovénia saiu para o intervalo com dois golos de vantagem e acabou por consentir a igualdade no segundo tempo, mas os norte-americanos queixam-se de um golo mal anulado pelo árbitro do Mali, já no final do encontro. A Inglaterra, através do treinador assumiu os erros dos seus jogadores e elogiou a capacidade demonstrada pela Argélia. Das bancadas veio, por parte da claque britânica, uma nota negativa, com assobios para Rooney. O jogador do Manchester United mostrou o seu desagrado, sem excessos verbais. Amargurado, disse: «É muito bonito ver os nossos próprios adeptos vaiar-nos».

Esta edição do Mundial está realmente a surpreender pelo maior equilíbrio entre as diversos competidores. Há quem defenda um nivelamento por baixo. Creio não ser exactamente o caso, apenas consequências da globalização.

O futebol de certos países da Europa está a contribuir para o actual panorama ao divulgar o seu know-how a jogadores e técnicos de outros continentes.

 

  



publicado por António Castro às 01:45
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